Mãe de brasileiro morto no Canadá viu caso pela TV: 'Não sabia que era ele'
A mãe do jovem brasileiro Gabriel Magalhães, 16, morto a facadas no último sábado, em uma estação de metrô na cidade de Toronto, no Canadá, disse que soube que havia ocorrido um crime pelos telejornais, mas que não imaginava que a vítima fosse o seu filho.
Andrea Magalhães, que trabalha como enfermeira no Mount Sinai Hospital, contou que na noite de sábado estava acompanhando as notícias na TV quando ouviu que um homem havia sido esfaqueado na estação Keele do metrô. Mas que não pensou que pudesse ser o filho, Gabriel, que havia saído com amigos para um passeio.
"Eu pensei, ele não é um homem, ele é uma criança", disse Andrea em entrevista ao jornal Toronto Star. "Você nunca pensa que isso vai acontecer com você."
Porém, Andrea conta que, quando Gabriel não atendeu suas ligações ou respondeu às mensagens enviadas a ele no sábado à noite, ela começou a entrar em pânico. Andrea deixou a porta da frente destrancada para o caso do filho ter esquecido as chaves.
Ela disse ainda que ficou acordada olhando para o telefone, até que os detetives da polícia canadense bateram à porta. Eles confirmaram o pior: Gabriel havia sido esfaqueado três vezes no peito naquela noite.
"Ele estava sentado pacificamente em um banco", disse Andrea após ser informada do que aconteceu. "Não sei se (o suspeito) tinha problemas de saúde mental ou por que decidiu acabar com a vida do meu filho".
O suspeito, identificado como Jordan O'Brien-Tolbin, de 22 anos, foi preso no último sábado e acusado de homicídio em primeiro grau.
À TV CBC, a enfermeira disse que não tem conseguido dormir desde que Gabriel foi morto. E fez um apelo para que a sociedade canadense passe a discutir a violência, as causas reais da violência, como a desigualdade social.
"Podemos ser melhores. Não é uma solução fácil. Não estou falando em aumentar a força policial, não estou falando em prender as pessoas. Estou falando de causas profundas", disse Andrea. "Por que uma pessoa não consegue acessar cuidados, ter algum suporte?", questionou.
Pelo Twitter, o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, lamentou o ataque contra o jovem. "Este foi um assassinato sem sentido e que não pode ser tolerado. Todos em Toronto e Ontário merecem se sentir seguros em sua comunidade."
Queria ser astrofísico
Gabriel era aluno da 11ª série no Etobicoke Collegiate Institute. Ao GlobalNews, Andrea o descreveu como amoroso, trabalhador, apaixonado pelos trabalhos escolares e disse que ele planejava ir para a universidade para estudar astrofísica.
Ele gostava de snowboard e eles planejavam praticar o esporte no sábado, mas Gabriel queria passar um tempo com amigos que não via há algum tempo. "Ele foi ao Eaton Center com os amigos, pegou o metrô na ida (e) na volta", disse ela.
"Então ele se sentou com um amigo em um banco e eles estavam conversando, mas estavam distraídos. Pensando que estavam em um lugar seguro", afirmou.
Andrea disse que falou com a mãe de um amigo do filho, que disse a ela que o agressor "focou" em Gabriel e foi direto até ele e o esfaqueou.
"Perguntei se ele tinha chance de revidar. Me disseram que ele não tinha chance de se defender", disse Andrea. "Esse cara veio com uma faca e eu sei que ele poderia ter escolhido uma parte diferente do corpo para esfaquear, mas ele o esfaqueou bem no coração três vezes", declarou.
O que se sabe
- O estudante Gabriel Magalhães, 16, foi morto por volta das 21 horas de sábado.
- Ele estava sentado em um banco numa estação de metrô de Toronto (Canadá), conversando com um amigo.
- Ele levou três facadas no peito e foi levado ainda com vida para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
- O suspeito, Jordan O'Brien-Tobin, 22, sem endereço fixo, foi preso no sábado e acusado de assassinato em primeiro grau.
- A morte de Gabriel é a mais recente de uma série de ataques ao sistema de trânsito de Toronto.
- Ao menos 14 crimes violentos contra funcionários ou passageiros foram registrados somente entre janeiro e fevereiro deste ano.
- A família de Gabriel se mudou de São Paulo para Toronto em 2000, para fugir da violência.
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