Morte em milissegundos: como submersível implode e como ficam os corpos?
A Guarda Costeira dos EUA confirmou, na quinta-feira (22), que os cinco ocupantes do submersível Titan morreram durante a expedição rumo ao Titanic. O anúncio foi feito depois que cinco partes do veículo foram encontradas durante as buscas. O mapeamento do oceano por destroços deve continuar, segundo a Guarda Costeira.
As autoridades afirmam que o mais provável é que o submersível tenha implodido, ou seja, que o colapso tenha ocorrido de fora para dentro.
O oceanógrafo Agnaldo Martins, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), disse ao UOL que uma janela de observação pode ter sido o ponto de colapso do veículo.
Há uma pressão enorme fora do casco desse submersível. Provavelmente houve uma falha de estrutura, fazendo com que esse casco colapsasse. Há evidências de que a janela panorâmica era o ponto fraco desse caso, e pode ter sido ali que houve o colapso. Quando há uma fresta, a água entra com tanta força que há um colapso geral da estrutura.
Agnaldo Martins, oceanógrafo
Os destroços do Titanic, local para onde o submersível se dirigia, estão a quase quatro mil metros de profundidade. Toda essa coluna de água fazia pressão 400 vezes maior do que a pressão exercida pela atmosfera ao nível do mar, que é de um bar. Para se ter uma ideia, a mordida de um grande tubarão-branco exerce força de quase 275 bares, de acordo com a revista Scientific American.
Roderick Smith, professor de engenharia do Imperial College de Londres, disse à AFP que o acidente provavelmente ocorreu devido a uma falha no casco, mas que será difícil precisar a causa do colapso. "A violência da implosão torna muito difícil determinar a sequência dos eventos", afirmou.
Morte instantânea e corpos amassados
Se o Titan realmente implodiu, o processo ocorreu rapidamente, em milissegundos. Com isso, os ocupantes do veículo morreriam instantaneamente.
Aileen Maria Marty, ex-oficial da Marinha e professora de medicina de catástrofes da Universidade Internacional da Flórida, afirmou à CNN que o evento é tão rápido que os tripulantes sequer entenderiam o que estava acontecendo. "A coisa toda teria colapsado antes que as pessoas lá dentro percebessem que havia um problema", disse Marty.
É possível, porém, que o veículo tenha passado dias no fundo do mar até colapsar. Nesse caso, os tripulantes teriam passado por momentos de pânico. Em entrevista ao VivaBem, o médico hiperbárico Bruno Parente explicou que, com o aumento progressivo do gás carbônico dentro da cabine, por limitações do sistema do submersível, os ocupantes podem ter ficado intoxicados. "Em última análise, depois de muito tempo, os indivíduos perdem a consciência", afirmou.
Agora, segundo Martins, da Ufes, é improvável que os corpos sejam encontrados. "Em um colapso desse tipo, instantâneo, provavelmente a pressão deve amassar os corpos. A pressão deve ter causado tantas avarias que vai ser difícil encontrar os corpos, eles não estariam inteiros", disse.
*Com informações da AFP e da Deutsche Welle.
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