Grupo Wagner usa nome de ídolo de Hitler e martelo como símbolo de tortura
O Grupo Wagner, a milícia com 25 mil soldados e caças que desafiou o líder russo Vladimir Putin no final de semana, teria sido batizado em homenagem ao compositor Richard Wagner.
Segundo o jornal The New York Times, Wagner era o "nome de guerra" utilizado pelo líder da organização, Dmitry Utkin, um militar russo aposentado.
O detalhe é que Richard Wagner é apontado como compositor favorito de Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista.
Apesar de não haver, oficialmente, uma posição nazista ou fascista da milícia, o Grupo Wagner já foi ligado ao Task Force Rusich, outra equipe de mercenários com ação contra a Ucrânia. O Rusich é apontado pelos EUA e Reino Unico como nazista.
O Grupo Wagner surgiu em 2014, em meio à anexação da Crimeia pela Rùssia. Desde então, a organização paramilitar tem atuado em países da África e do Oriente Médio, expandindo a influência russa e acumulando recursos.
Martelo é usado para executar desertores
A organização é acusada de casos de extermínio, tortura e estupro coletivo, além de utilizar um martelo para amedrontar inimigos.
No ano passado, um vídeo distribuído no Telegram mostrava um mercenário sendo executado a marretadas.
Yevgeny Prigozhin, líder do grupo, afirmou que o homem era um traidor, que havia mudado de lado na Guerra da Ucrânia. Na rede social, o vídeo foi distribuído com o título "O martelo da vingança".
Não esqueçam, não são traidores somente aqueles que vão para o lado do inimigo. Alguns estão em escritórios, sem pensar no seu próprio povo. Outros usam seus próprios jatinhos para viajar a países que parecem neutros até agora, para não se envolver [na guerra]. Eles também são traidores. Prigozhin, segundo a Reuters
Há outros registros do uso do martelo como arma pelo grupo Wagner. Em 2017, na Síria, um soldado do exército de Bashar Al-Assad foi punido com marteladas sob a acusação de tentar fugir.
Em novembro do ano passado, em uma tentativa de intimidação, o grupo enviou um martelo coberto em tinta vermelha, simulando sangue, para membros do Parlamento Europeu. Prigozhin divulgou a ação em um vídeo enviado no Telegram.
Em março deste ano, o The Telegraph, do Reino Unido, informou que o martelo passou a ser vendido em lojas de decoração em Moscou. O objeto com a marca do grupo Wagner vinha acompanhado de uma pilha de caveiras, com uma caixa de apresentação semelhante a um caixão.
A revolta contra Putin
Segundo um relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido, o grupo, hoje liderado por Yevgeny Prigozhin, teria 50 mil mercenários atuando na Guerra da Ucrânia. As tropas seriam abastecidas com armamentos vindos do governo russo ou adquiridos por conta própria.
Segundo o governo dos EUA, o grupo teria comprado armas da Coreia do Norte e, após sofrer sanções, estaria usando documentos falsos para fazer aquisições de equipamentos usando o Mali como país intermediário.
Na última sexta-feira (23), o grupo iniciou uma ofensiva contra o Kremlin após acusar militares russos de bombardearem seus homens. Prigozhin afirmou ter 25 mil mercenários participando da revolta.
A insurreição partiu da cidade de Rostov-on-Don. Combates foram registrados em outras cidades, como Pavlovsk e Voronezh.
O movimento terminou após um acordo entre o grupo e o Kremlin. O trato prevê que o governo russo irá retirar denúncias Prigozhin, além de incorporar os homens envolvidos ao Ministério da Defesa. Prigozhin, por outro lado, terá de se exilar em Belarus.
Nesta segunda (26), porém, a mídia russa informava que Prigozhin continuava sendo investigado pelo motim.
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