3º dia: Com mais de 1.400 mortos, Israel ordena 'cerco completo' em Gaza
Do UOL, em São Paulo
09/10/2023 00h13Atualizada em 09/10/2023 17h47
A guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas entrou no terceiro dia nesta segunda-feira (9), com Israel reunindo mais de 100 mil soldados de reserva perto da Faixa de Gaza e determinando um "cerco completo" no local, com corte da eletricidade, de combustíveis e alimentos. Até o momento, o ataque do Hamas e a reação israelense deixaram mais de 1,4 mil mortos, segundo autoridades.
O que aconteceu
O último balanço divulgado por Israel é de 900 mortos e 2.600 feridos no país. Outras 150 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas, de acordo com autoridades israelenses.
Um porta-voz dos militares israelenses, Jonathan Conricus, disse que o país reuniu 100 mil soldados da reserva perto de Gaza para a guerra. Atualmente, os soldados estão no sul de Israel. "O nosso trabalho é garantir que, no final desta guerra, o Hamas não terá mais qualquer capacidade militar para ameaçar os civis israelitas", disse ele, segundo a rede de televisão Al Jazeera.
No início desta segunda-feira, Israel afirmou ter retomado "o controle total" das localidades atacadas no sul pelo Hamas. A declaração foi dada pelo exército israelense em uma declaração à imprensa. O premiê Benjamin Netanyahu disse que o grupo extremista vai viver uma experiência "terrível".
O Hamas ameaçou matar pessoas que são mantidas reféns da Faixa de Gaza se Israel continuar sua contraofensiva. A cada novo bombardeio, o braço armado do grupo disse que vai executar um civil.
"Qualquer ataque a civis inocentes sem aviso prévio será enfrentado com pesar pela execução de um dos cativos sob nossa custódia, e seremos forçados a transmitir esta execução", Abu Obeida porta-voz do grupo extremista Hamas. O grupo diz ter mais de cem pessoas em cativeiro, o mesmo número informado por Israel.
O grupo extremista também nega que esteja aberto a negociar a troca de prisioneiros com Israel. "A nossa missão agora é fazer todo o possível para evitar que a ocupação continue cometendo massacres contra o nosso povo em Gaza, atingindo diretamente as casas de civis", disse Hossam Badran, membro da cúpula política do grupo.
Irã nega envolvimento com ataques do Hamas. A missão do Irã na ONU afirmou em comunicado que não está envolvida "na resposta da Palestina" a Israel, após uma reportagem do Wall Street Journal dizer que autoridades de segurança iranianas ajudaram a planejar a ofensiva. O porta-voz Nasser Kanani diz que as acusações contra o Irã têm motivação política.
"Todo cidadão israelense conhece alguém que foi morto, sequestrado ou está desaparecido", disse a socióloga pernambucana Janine Ayala Melo à GloboNews. Ela atua no Batalhão de Infantaria de Reservistas do Exército de Israel. "A mãe de um amigo meu foi assassinada ontem [sábado] na casa dela. Os avós de um amigo meu estão desaparecidos, um deles com Alzheimer. Uma conhecida minha, que estudou comigo, está desaparecida."
Guerra começou com ofensiva surpresa
O Hamas lançou uma ofensiva surpresa contra Israel no início da manhã de sábado, que incluiu o lançamento de foguetes e a infiltração de terroristas armados em território israelense. Segundo o grupo, 5.000 foguetes foram disparados. Israel alegou que foram 2.000 disparos.
Após o ataque, Netanyahu convocou uma reunião de emergência com autoridades de segurança e lançou uma operação contra o Hamas em Gaza. Ele disse que estava em guerra com grupo islâmico.
Netanyahu declara 'situação de guerra'
O gabinete de segurança de Israel informou que aprovou oficialmente, na noite de sábado, uma "situação de guerra" do país contra o Hamas.
O órgão disse que, com a aprovação, o governo israelense pode tomar "medidas militares significativas". Em comunicado publicado nas redes sociais, Israel disse que a situação foi aprovada com base no artigo 40 da legislação israelense, que permite que o primeiro-ministro ordene "ação militar significativa que pode levar, com um nível de probabilidade próximo do certo, à guerra".
Mas, apesar da declaração oficial, Netanyahu não pode tomar decisões sozinho. O artigo prevê que os atos do premiê sejam aprovados pelo gabinete de segurança antes de serem colocados em prática.
*Com informações da Reuters e da AFP