Dia 23 da guerra: internet é restaurada em Gaza; armazéns são invadidos
A guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas entrou hoje no 23º dia com mais de 9 mil mortos. O domingo foi marcado pelo reestabelecimento dos serviços de internet e telefonia na Faixa de Gaza.
O que aconteceu
A organização não-governamental Internet NetBlocks confirmou que o tráfego de internet havia sido restaurado na região. A informação foi postada pela ONG no X, o antigo Twitter.
A Paltel (Palestina Telecommunications) e a Jawal, empresas que fornecem serviços de comunicações em Gaza, também confirmaram que as linhas fixas e móveis foram gradualmente restauradas.
O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, também afirmou que a internet voltou a funcionar em Gaza. Candeas conseguiu entrar em contato com brasileiros pelo WhatsApp.
Os serviços de telefonia e de internet estavam fora do ar desde a última sexta-feira (27), quando a Faixa de Gaza foi atingida por uma série de bombardeios promovidos por Israel.
Mais de 9 mil pessoas foram mortas no combate até o momento; 1,4 mil delas estão do lado israelense e outras 8 mil do lado palestino, segundo dados das autoridades locais.
Do lado palestino, quase metade dos mortos são crianças: 3,5 mil.
Invasão de armazéns e entrada de novos caminhões
Milhares de pessoas invadiram vários armazéns e centros de distribuição da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente) no centro e no sul da Faixa de Gaza. A informação foi divulgada hoje pela agência da ONU.
As pessoas invadiram os armazéns para levar farinha de trigo e outros artigos básicos de sobrevivência, como produtos de higiene, de acordo com o comunicado da agência.
Um dos armazéns saqueados, em Deir al-Balah, é onde a UNRWA armazena os suprimentos dos comboios humanitários vindos do Egito.
As tensões e o medo das pessoas foram agravados pelos cortes nos telefones e nas linhas de comunicação pela Internet, segundo avaliação de Thomas White, diretor de assuntos da UNRWA na Faixa de Gaza.
"Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a ruir depois de três semanas de guerra e de um cerco apertado a Gaza. As pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas", disse White.
Dez novos caminhões com alimentos e medicamentos entraram no país neste domingo, o que aumenta o número total de veículos do tipo nos 23 dias de guerra para 94.
Nenhum dos caminhões carregava combustível, que tem entrada proibida no país por Israel. Antes do começo dos conflitos, Gaza recebia ajuda de 100 caminhões por dia segundo estimativas da ONU.
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Quero receberNetanyahu dá declaração polêmica e pede desculpas
Benjamin Netanyahu fez publicação afirmando que não foi avisado sobre as intenções de guerra do Hamas e indicando que as chefias do Exército e da inteligência do país falharam no dia 7 de outubro.
A publicação causou polêmica e gerou notas de repúdio, fazendo com que ele apagasse a postagem e pedisse desculpas.
Eu estava errado. As coisas que eu falei não deviam ter sido ditas. Eu me desculpo por isso. Dou total apoio às lideranças das Forças Armadas.
Benjamin Netanyahu
Pedidos de cessar-fogo
O Médicos Sem Fronteira e o Papa Francisco estão entre as vozes que pediram um cessar-fogo imediato na região neste domingo (29).
A organização médica afirmou que líderes mundiais agem de forma "fraca e lenta", lembrou que há escassez de remédio e até mesmo anestesia para procedimentos como amputações na região.
O Papa Francisco usou a celebração do Ângelus para pedir a abertura de um corredor humanitário, a libertação de reféns e o cessar-fogo. "A guerra é sempre uma derrota", disse.
Irã diz que Israel ultrapassou limites
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, indicou que mais países podem se envolver no confronto ao afirmar que Israel ultrapassou as "linhas vermelhas" ao intensificar a ofensiva contra o Hamas em Gaza.
Raisi criticou os Estados Unidos, afirmando que o país ameaça nações do Oriente Médio para não tomar parte no confronto enquanto dá apoio direto a Israel.
Ele também citou a necessidade do país em apoiar um "eixo de resistência", se referindo a grupos armados, como Hamas e Hazbollah, em entrevista dada ao canal Al Jazeera.
O presidente também acrescentou que "os grupos de resistência são independentes nas suas opiniões, decisões e ações".
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