'Campanha é uma coisa, governo é outra', diz chanceler sobre Milei e Lula
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, avaliou que os ataques do presidente argentino eleito Javier Milei contra Lula (PT) durante a campanha não traduzem as ações do futuro governo com o Brasil.
O que aconteceu
"O que foi dito durante a campanha é uma coisa, o que acontece durante o governo é outra", declarou Mauro Vieira. Ele concedeu entrevista após o encontro que teve com a futura chanceler de Milei, Diana Mondino. O ministro destacou a construção da relação econômica, política e social entre os dois países.
Vieira disse que a futura ministra ressaltou o convite feito por Milei para que Lula vá à posse. A cerimônia foi marcada para o dia 10 de dezembro em Buenos Aires, capital argentina.
Uma carta de Milei a Lula também foi entregue na reunião. Mas Vieira ainda não havia obtido um retorno do petista a respeito da presença na posse, afirmou o ministro.
Vieira negou "constrangimentos" por Milei ter convidado Jair Bolsonaro (PL) para a posse: "Com relação à presença de outros convidados, não somos nós que vamos dizer nada, cabe que eles podem convidar todos que quiserem. [...] Não há nenhum tipo de problema, de constrangimento, de natureza que seja".
Durante a reunião, ambos concordaram em construir um Mercosul "maior e melhor" para a integração regional, disse o chanceler. Na campanha, Milei chegou a afirmar que a Argentina poderia deixar o bloco, mas recuou.
Diana Mondino também acenou "positivamente" para o acordo entre Mercosul e União Europeia, cujas negociações estão na fase final e podem chegar ao fim antes da posse de Milei.
Veja mais declarações de Mauro Vieira após a reunião
O que eu posso dizer é que existe, entre o Brasil e a Argentina, uma relação muito forte, muito importante, que foi, inclusive, criada a partir dos entendimentos na década de 80 entre o presidente [José] Sarney e o presidente [Raul] Alfonsín, que construíram toda a base dessa grande cooperação que há na área de energia nuclear, de ciência e tecnologia, de informática, de trocas universitárias e de comércio, de indústria e de investimentos. Tudo isso existe e é muito importante.
Para mim o que vale é isso: nós vamos trabalhar juntos com este governo até o final do mandato e depois com o novo governo, sabendo que há esse desejo de avançar no Mercosul.
Com relação ao BRICS, o governo argentino, na ocasião, era candidato e o Brasil apoiou, porque é uma iniciativa de interesse do Brasil, é também uma questão de equilíbrio da representação geográfica no BRICS. [...] Vai caber ao novo governo avaliar, levar em conta os prós e os contras, se eles acham que há prós e contras, e seguirem ou não.
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