Carta e visita não convencem, e Lula escala chanceler para posse de Milei
O presidente Lula (PT) não irá à posse do presidente eleito da Argentina, Javier Miliei, no próximo domingo (10) e enviará o chanceler Mauro Vieira.
O que aconteceu
Já havia uma expectativa de que Lula não comparecesse ao evento, devido a críticas que Milei, de extrema direita, fez a ele durante a campanha, mas o martelo ainda não havia sido batido. A informação foi confirmada ao UOL pela Secom (Secretaria de Comunicação Social).
Após a vitória, o presidente eleito tentou mudar o tom e enviou uma carta ao brasileiro. Além disso, a futura chanceler argentina veio ao Brasil para se encontrar com o ministro das Relações Exteriores brasileiro em mais um aceno de apaziguamento.
Nenhuma das iniciativas resolveu. Além das críticas, Milei convidou pessoalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que preparam uma comitiva para o evento.
Saída republicana
Lula, que apoiou informalmente o candidato governista Sergio Massa, optou por uma "saída republicana", segundo fontes do Planalto. Sem querer ir à posse, o presidente tampouco queria agir "de forma não condizente ao cargo" e optou por enviar Vieira em seu nome.
Apesar das tentativas de aproximação, o presidente não gostou nada do convite feito a Bolsonaro antes mesmo que houvesse manifestação oficial. Miliei conversou com vídeo com o ex-presidente brasileiro, seu apoiador —assim como o ex-presidente norte-americano Donald Trump—, e o convidou na mesma noite da vitória. O convite ao atual chefe de Estado do Brasil foi feito por carta, cerca de uma semana depois.
Ofensas na campanha; cordialidade na presidência
Durante a campanha, Milei disse que Lula era "comunista", "ladrão" e "corrupto", e que não se encontraria com ele se fosse eleito. Após o resultado, Lula não comentou declarações e reconheceu resultado da eleição sem citar o nome do eleito.
A iniciativa de paz veio do próprio argentino semanas após a eleição. Em carta enviada a Lula, Miliei fez o convite para a posse "com estima e respeito" e desejou que fosse "um período de trabalho frutífero e de construção de laços que consolidem o papel que a Argentina e o Brasil podem e devem desempenhar".
Milei também enviou sua futura chanceler, Diana Montino, que negou qualquer rompimento entre os dois países. Em resposta, Vieira afirmou que "o que foi dito durante a campanha é uma coisa, o que acontece durante o governo é outra".
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