Atentado reivindicado pelo Estado Islâmico mata ao menos 93 em Moscou
Um tiroteio e uma série de explosões no Crocus City Hall, uma casa de shows na região de Moscou, deixou mortos e feridos nesta sexta-feira (22). O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque. A Rússia informou neste sábado (23) que prendeu 11 suspeitos.
O que aconteceu
Ao menos 93 pessoas morreram, segundo o Comitê de Investigação da Rússia. Antes da atualização do número de mortos (antes eram 62) havia 115 feridos hospitalizados, entre eles 4 crianças, informou o ministro da saúde russo, Mikhail Murashko. Do total de adultos internados, 60 estão em estado grave. Outras 30 pessoas foram atendidas por profissionais da saúde, mas já receberam alta.
Cerca de cinco pessoas com trajes camuflados invadiram a casa de espetáculos e dispararam indiscriminadamente.
Em vídeos publicados nas redes, as pessoas aparecem tentando fugir do prédio. Ao fundo, é possível ouvir metralhadoras. Os relatos começaram a surgir por volta das 20h15.
Também foram relatadas explosões, que deixaram o prédio em chamas. Até 100 pessoas podem estar presas no prédio, segundo o canal da Crocus no Telegram.
Centenas de pessoas aguardavam uma apresentação do grupo Picnic quando o ataque começou. Os músicos da banda, porém, não ficaram feridos, relatam os serviços operacionais russos.
O telhado da casa de espetáculos começou a desabar por volta das 20h47 (horário local). Os bombeiros não puderam iniciar a extinção do incêndio devido à ameaça à vida das pessoas que ainda estão no prédio, informou o site de notícias Fontanka. Helicópteros estão sendo enviados ao local para extinguir o fogo de forma menos arriscada, informou o Diário de Notícias.
Cerca de 50 ambulâncias foram enviadas ao local. O Departamento de Transportes informou que a estação Myakinino, próxima à Crocus, está aberta para entrada e saída de passageiros.
A Rússia anunciou que abriu uma investigação sobre "atentado terrorista" após o ataque a tiros em Moscou. Até o momento, o presidente russo, Vladimir Putin, não se manifestou sobre a ocorrência.
Prefeitura de Moscou cancelou todos os eventos públicos deste fim de semana. O governador da região de Moscou, Andrey Vorobyov, foi até o local do ataque: "Fui até o local. Uma sede operacional foi criada. Todos os detalhes virão mais tarde", afirmou, em seu canal do Telegram.
Segunda explosão. Uma segunda explosão foi ouvida na casa de shows, perto de Moscou, local onde já havia ocorrido o tiroteio mais cedo, informaram agências de notícias.
Estado Islâmico assume autoria
O grupo assumiu a autoria em um canal do Telegram. A informação foi divulgada pela agência de notícias Reuters.
Comunicado diz que criminosos fugiram após ataque a sala de concertos. "Os combatentes do Estado Islâmico atacaram uma grande concentração de cristãos na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e ferindo centenas e causando grande destruição ao local antes de se retirarem em segurança para as suas bases", diz o comunicado.
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Quero receberO governo russo ainda não emitiu comunicado sobre a declaração do grupo terrorista.
Serviços de inteligência dos Estados Unidos confirmaram que o Estado Islâmico foi responsável pelo ataque. A informação é da Reuters. A autoridade disse que os Estados Unidos alertaram a Rússia nas últimas semanas sobre a possibilidade de um ataque. "Avisamos os russos de forma adequada", disse o responsável, falando sob condição de anonimato, sem fornecer quaisquer detalhes adicionais.
O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou as informações sobre um possível ataque. Em declarações transmitidas há três dias, ele acusou o Ocidente de "declarações provocativas" sobre potenciais ataques terroristas na Rússia. "Vou lembrá-los das recentes declarações provocativas, digamos diretamente, de certas estruturas oficiais ocidentais sobre potenciais ataques terroristas na Rússia", disse Putin. "Tudo isto parece uma chantagem óbvia e uma tentativa de intimidar e desestabilizar o nosso país", acrescentou.
Embaixada dos EUA na Rússia alertou sobre possível ataque em Moscou
A embaixada dos Estados Unidos na Rússia havia alertado em 7 de março sobre um possível ataque em locais públicos de Moscou. Embaixada anunciou que estava monitorando relatos de que extremistas tinham planos para atingir aglomerações.
O texto foi publicado no site da representação diplomática. O alerta foi emitido horas após o Serviço Federal de Segurança da Rússia ter frustrado um ataque a uma sinagoga em Moscou por uma célula do grupo Estado Islâmico.
O governo dos EUA chegou a indicar que concertos poderiam estar entre os alvos. O alerta tinha validade de 48 horas. "Os cidadãos dos EUA devem ser aconselhados a evitar grandes reuniões", disse a embaixada há duas semanas.
O texto indicava ações a serem tomadas. "Evite multidões, monitore a mídia local para atualizações e esteja ciente do que está ao seu redor".
Brasil repudia terrorismo após ataque
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou nota, na noite desta sexta-feira (22), repudiando atos de terrorismo após o ataque. O governo brasileiro disse ter tomado conhecimento do atentado "com consternação". A nota ainda expressa condolências aos familiares das vítimas e o desejo de pronta recuperação aos feridos.
"Brasil manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo da Rússia e reitera seu firme repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo." O governo ainda afirmou que não há notícia de nenhum cidadão brasileiro entre as vítimas do ataque.
Ucrânia nega envolvimento
A Ucrânia, que está em guerra contra a Rússia, negou envolvimento com o ataque. A Casa Branca corroborou o posicionamento e disse que "não há nenhuma indicação neste momento" do envolvimento ucraniano. A sede do governo dos EUA também disse que as imagens do tiroteio são "horríveis e difíceis de assistir".
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança, disse que o governo "eliminará" líderes ucranianos, caso o envolvimento seja confirmado. "Se ficar estabelecido que se tratam de terroristas do regime de Kiev (...), serão localizados e destruídos sem piedade, como terroristas. Inclusive os dirigentes do Estado que cometeu semelhante atrocidade."
*Com informações da AFP e da Reuters
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