Oposição a Maduro denuncia problema para registrar candidatura na eleição

Os partidos de oposição a Nicolás Maduro habilitados a participar das eleições de julho dizem que ainda não conseguiram registrar a candidatura de Corina Yoris para presidente da Venezuela. O prazo acaba à 0h (horário local, 23h em Brasília).

O que aconteceu

Para analistas, problema não é só técnico, mas também "político". O cientista político Jorge Morán explicou à AFP que o chavismo busca repetir 2018, quando a oposição boicotou as eleições em que o presidente Nicolás Maduro venceu em meio a denúncias de fraude. "Fizemos todas as tentativas. (...) O sistema está totalmente bloqueado", denunciou Corina Yoris em entrevista coletiva.

Inscrições são feitas em uma plataforma específica na internet. Mas a coalizão opositora PUD (Plataforma Unitária Democrática) diz que não conseguiu acessar o sistema para inscrever Yoris, indicada por María Corina Machado, impedida de concorrer. "Tentamos ir ao CNE [Conselho Nacional Eleitoral] para entregar a carta solicitando uma prorrogação, e nem assim pudemos fazê-lo", disse a pré-candidata.

Outros nove candidatos conseguiram fazer a inscrição para a eleição. Eles se apresentam como opositores, mas são acusados de buscar dividir o voto anti-Maduro e, em alguns casos, de colaborar com o governo chavista. Caso a oposição consiga inscrever Yoris a tempo, o sistema ainda emitirá um relatório para ser apresentado e avaliado pelo CNE, que tem a palavra final.

Maduro também formalizou sua candidatura para um 3º mandato. As eleições serão disputadas em 28 de julho, quando Maduro buscará a reeleição pela segunda vez, o que pode levá-lo a 18 anos no poder. "Juro para vocês: em 28 de julho, dia do 70° aniversário do comandante [Hugo] Chávez, voltaremos a vencer", afirmou o presidente em um palanque montado nos arredores do CNE.

Com o impedimento da minha candidatura, estão deixando todo o país sem opção.
Corina Yoris, no X (antigo Twitter)

Quem é Corina Yoris

Corina Yoris (à dir.) foi indicada por María Corina Machado (à esq.), impedida de concorrer
Corina Yoris (à dir.) foi indicada por María Corina Machado (à esq.), impedida de concorrer Imagem: Federico Parra/AFP
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Corina Yoris tem 80 anos e nunca ocupou um cargo público. Prestigiada professora universitária, ela integrou a Comissão Nacional Primária da oposição, em que sua xará, María Corina Machado, obteve 90% dos votos em outubro de 2023. Embora a sua experiência política seja quase inexistente e a sua nomeação tenha surpreendido muitos militantes, a candidatura de Yoris traz esperanças.

Yoris já teve que desmentir uma fake news sobre sua nacionalidade. Nas redes sociais, espalhou-se o boato de que a professora não poderia concorrer à eleição por supostamente ter dupla nacionalidade — venezuelana e uruguaia —, o que ela nega. "Nasci em Caracas, meus pais nasceram na Venezuela e nunca optei por outra nacionalidade que não a venezuelana", esclareceu Yoris no X (veja abaixo).

Mais cedo, pré-candidata disse que sua idade não é uma desvantagem. "É apenas a força física que determina a capacidade de realizar uma tarefa da magnitude que temos. Acho que devemos enfatizar a capacidade encontrada aqui", disse Yoris, apontando para sua cabeça e seu coração. Caso concorra e vença as eleições, a professora teria 86 anos ao final de seu mandato.

(Com AFP, Reuters e RFI)

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