Sem defender Irã ou Israel, Itamaraty cita 'grave preocupação' após ataque
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse acompanhar com "grave preocupação" os desdobramentos do ataque com drones e mísseis do Irã contra Israel. A ofensiva, confirmada pelos dois países, é uma retaliação ao bombardeio israelense contra o consulado iraniano na Síria, no início do mês.
O que diz o Itamaraty
Sem defender Irã ou Israel, Brasil citou 'potencial destrutivo' dos ataques. Em nota divulgada neste sábado (13), o Itamaraty lembrou já ter sinalizado a possibilidade de as hostilidades na região se espalharem para países vizinhos, como Cisjordânia, Líbano, Síria, Iêmen "e, agora, o Irã".
Ministério das Relações Exteriores também fez apelo aos envolvidos. A pasta pediu a Irã e Israel que "exerçam máxima contenção", isto é, evitem causar mais danos a civis, e convocou toda a comunidade internacional a "mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada" do conflito.
Governo também desaconselhou viagens não essenciais à região. Além disso, pediu aos brasileiros que já estão no Irã, em Israel ou nos países vizinhos que "sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras".
O governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria. (...) O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.
Ministério das Relações Exteriores, em nota
Outros países
Reação do Brasil foi menos enérgica que a de pares latinos. O presidente argentino Javier Milei, por exemplo, expressou sua solidariedade e "compromisso inabalável" com Israel disse reconhecer o direito do país de defender sua soberania, principalmente "contra regimes que promovem o terror e buscam a destruição da civilização ocidental".
O Estado de Israel é o baluarte dos valores ocidentais no Oriente Médio, e a República da Argentina estará sempre ao seu lado contra aqueles que querem seu extermínio.
Javier Milei, presidente da Argentina
-- Javier Milei (@JMilei) April 13, 2024
Colômbia disse que o mundo está na 'antessala' da 3ª Guerra Mundial. O presidente Gustavo Petro acusou os EUA de incendiarem o mundo ao apoiar o "genocídio" israelense e defendeu uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) pela paz. "Todo mundo sabe como as guerras começam, mas ninguém sabe como terminam", escreveu. A publicação foi apagada depois.
Já o Chile, assim como o Brasil, também adotou um tom mais neutro. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores expressou sua "profunda preocupação" com a situação, mas não defendeu nenhum dos lados. Condenou, porém, "o uso da força" e pediu respeito ao direito internacional humanitário, "que protege as vidas civis nos conflitos armados".
Comunicado de prensa pic.twitter.com/9xblCaV8c8
-- Cancillería Chile 🇨🇱 (@Minrel_Chile) April 14, 2024
Ataque do Irã
Canal ligado à mídia estatal do Irã confirmou ataque de drones. Segundo a PressTV, a Guarda Revolucionária do Irã — também conhecida como Força Quds, responsável pelas operações militares internacionais iranianas — "lançou extensivos ataques com drones contra alvos em territórios ocupados", termo que o Irã usa para descrever Israel.
Espaço aéreo israelense foi fechado à 0h30 (18h30 em Brasília). O Iraque também anunciou o fechamento temporário do seu espaço aéreo e a interrupção do tráfego. Mais cedo, a Jordânia já havia comunicado a adoção da mesma medida, citando falhas nos serviços de GPS. Depois, o Líbano também suspendeu os voos.
Newsletter
DE OLHO NO MUNDO
Os principais acontecimentos internacionais e uma curadoria do melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email.
Quero receberPrimeiro-ministro disse que Israel está 'preparado'. Em discurso transmitido pela TV, Benjamin Netanyahu garantiu que o país está preparado para enfrentar qualquer cenário, "tanto em defesa quanto em ataque", acrescentando que Israel conta com o apoio dos Estados Unidos e "de muitos outros países". As declarações foram feitas antes do anúncio sobre os drones iranianos.
(Com AFP e Deutsche Welle)
Deixe seu comentário