'Que tragam os outros reféns vivos', diz irmã de brasileiro morto em Gaza

Em meio à dor de receber a notícia da morte do brasileiro Michel Nisenbaum, a irmã dele, Mary Shohat, disse ao UOL que espera que tragam os demais reféns vivos para suas casas. Ele foi encontrado morto na Faixa de Gaza.

O que aconteceu

A enfermeira Mary Shohat disse que recebeu a notícia de que seu irmão foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (24). Abalada, Mary disse que "não tinha condições" de dar mais informações. Ela afirmou ainda que soube da morte do irmão pelo Exército de Israel. "Eles reuniram toda a família para dar a notícia", disse.

Mensagem de esperança aos familiares de reféns. Mary disse que "espera que tragam [os demais reféns] com vida para suas casas". Ela estava ao lado de sua mãe, que tem 87 anos — e também ficou consternada pela notícia.

Michel será enterrado no domingo (26). Nas redes sociais, a família do brasileiro afirmou que ele será velado na cidade de Ascalão, onde a família dele mora. Sobrinha de Michel e filha de Mary, Ayala Harel, disse que a família toda está abalada.

Três reféns mortos. Segundo o exército israelense, além de Michel Nisenbaum, outros dois reféns foram mortos em 7 de outubro de 2023. Eles foram identificados como Hanan Yablonka e Orión Hernández.

Operação conjunta. Ainda de acordo com o Exército, foi realizada uma operação conjunta com os serviços de inteligência de Israel em Jabalya para a recuperação dos corpos.

O que dizem as autoridades

Dentro do governo brasileiro, a informação foi recebida com "consternação". O Brasil retirou seu embaixador de Tel Aviv em fevereiro, depois da crise diplomática estabelecida entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Lula usou as redes sociais para lamentar o ocorrido. Em post no X, presidente se solidarizou com os familiares de Michel.

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Emmanuel Macron lamentou a morte de um cidadão francês identificado junto ao brasileiro — Orión Hernández. "Penso em sua família e nas pessoas próximas a ele. Estamos ao lado deles", disse o presidente em publicação nas redes sociais.

Quem era o brasileiro refém do Hamas?

Michel Nisenbaum tinha dupla nacionalidade. Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, atualmente morava em Sderot, em Israel. Ele vivia Israel há mais de 40 anos, tinha duas filhas e cinco netos — seu sexto neto tinha o nascimento previsto para dezembro.

Era técnico em informática e concluiu uma certificação para poder trabalhar como guia turístico. Ele também era voluntário na Rescue Union como condutor de ambulância.

Michel não era visto desde 7 de outubro. Foi quando ocorreram os primeiros ataques do Hamas em Israel. Ao jornal O Globo, Mary Shohat contou que ele falou com uma das filhas na manhã do ataque. A ligação seguinte, no entanto, foi atendida por outra pessoa.

A busca por Michel Nisenbaum

Em março, a sobrinha de Michel, Ayla Harel, 43, disse ao UOL que a família não havia "saído do dia 7 de outubro" — em referência aos ataques do Hamas em Israel. Ela e a mãe contaram que não tinham notícias de Michel desde então.

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Mary e Ayla relataram também que pediram ajuda a diferentes governos, sem sucesso. "Estivemos no Brasil, no Uruguai e na Argentina. Eles nos receberam bem, disseram que iam tentar fazer alguma coisa, mas não vimos nada sendo feito", disse Ayala. Em relação ao governo de Israel, elas disseram que as autoridades daquele país só as procuravam para perguntar como estavam.

Na ocasião, Mary disse que tentava retomar a rotina sem sucesso. "Sento para trabalhar e, muitas vezes, me pego pensando nisso. Aí, repito para mim mesma: 'tem que se concentrar'."

A falta de informações provocou angústia em toda a família. A mãe de Michel dizia que gostaria de procurar o filho de forma independente. "Ela disse que iria sozinha para a Faixa de Gaza procurá-lo", contou Mari.

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