Demora em pedir eleições limpas faz ameaças de Maduro respingarem em Lula

A eleição venezuelana neste final de semana preocupa aliados do presidente Lula (PT). Mesmo mudando o tom em relação a Nicolás Maduro, eles avaliam que, de um jeito ou de outro, problemas no país vizinho vão resvalar nele.

O que aconteceu

Em busca da reeleição e com ameaças. À medida que a votação de domingo se aproxima, Maduro tem aumentado os sinais de que pode haver problemas ou violência, caso ele não vença. Na última semana, falou em "banho de sangue" e "guerra civil" se fosse derrotado pela oposição. Mais adiante, para tentar qualificar seu discurso, chegou a dizer, sem provas e erroneamente, que as eleições brasileiras não têm auditoria.

TSE desistiu de enviar observadores à Venezuela. Após as declarações, o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil resolveu não mandar representantes para acompanhar as eleições. "A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil", disse a Corte eleitoral.

A avaliação é que Lula demorou a fazer declarações mais contundentes contra o aliado. O presidente tem cobrado publicamente eleições limpas no país e enviou seu assessor especial para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim, para acompanhamento do pleito, mas o futuro incerto da votação traz apreensão ao Planalto.

O Itamaraty também acompanha a situação com apreensão. Publicamente, a diplomacia brasileira segue a trilha de Lula, dizendo que a decisão cabe ao povo venezuelano, mas há uma dúvida de como proceder se Maduro cumprir as ameaças que tem feito.

Principal rival de Maduro pediu respeito ao resultado da eleição. Edmundo González Urrutia disse às Forças Armadas que protejam a Constituição e garantam que se cumpra a "decisão do povo soberano".

O que Lula disse

"Por que que eu vou querer brigar com a Venezuela, com a Nicarágua, com a Argentina?", questionou Lula no dia 19. "Eles que elejam os presidentes que eles quiserem. O que me interessa é a relação de Estado."

"Todo mundo gosta do Brasil e o Brasil tem de gostar de todo mundo", argumentou, no mesmo evento. "Não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém como o Brasil, não existe."

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"Banho de voto" x "banho de sangue". O presidente brasileiro ainda afirmou a agências internacionais de notícias, no dia 22, que havia ficado "assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue". "Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora".

Processo eleitoral respeitado. "Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo... Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", disse Lula.

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