Trump não é Lula, mas também usa tática de atacar o Banco Central

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Sim, você leu certo o título desta carta: é Trump, não é Lula. Mas obviamente isso não tem nada a ver com o nosso Gostosão Geral da República, o presidente do nosso BC, o Roberto Campos Neto. Trump quer poder influenciar nas decisões do Fed, o Federal Reserve, que é o BC dos americanos. (Mas se você for até o fim desta carta saberá até dos hackers do Irã.)

Basicamente o argumento do Trump para acabar com a autonomia do Fed é que ele é mais inteligente do que o Jeremy Powell, que é o presidente do BC deles. A questão é que o Fed vem sofrendo críticas por demorar para baixar os juros e isso está afetando a economia. Rá. Já ouviu isso antes? Mas eis o que disse Trump:

"No meu caso, ganhei muito dinheiro. Tive muito sucesso. E acho que tenho um instinto melhor do que, em muitos casos, pessoas que estariam no Federal Reserve — ou do presidente."

Taí, excelente argumento para se acabar com a autonomia de um Banco Central. Queria saber a opinião do mercadinho sobre isso. O mercadinho é o mercado financeiro, darling.

Claro que escolhi esse tema para abrir essa carta porque queria provocar, né, BRASEW? É a prova de que políticos à direita e à esquerda podem falar as mesmas coisas. Mas hoje está cheio de coisas para contar. Vamos lá.

Coletiva 1

Trump falou do Fed no final de uma longa coletiva de imprensa. Do nada, ele chamou a coletiva. Ele quer voltar para as manchetes. No fim das contas, o que saiu de lá é que ele recuou e decidiu participar do debate que estava marcado antes com o Biden e que agora será com Kamala.

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Debate

A treta é que Trump queria impor uma agenda nova e fazer um debate na Fox News dia 4 de setembro e cancelar o debate de 10 de setembro na ABC News. A Kamala disse que na na-na-ni-na-não, que ela ia no debate já marcado. Como dizem que o Trump vai levar uma surra de oratória da Kamala, ficaria estranho se ele fugisse do debate. Então, vai ter debate.

Sim, darling, estou que nem o Trump, só quero falar do Biden. Mas é que Anita Dunn, que era uma das conselheiras de Biden naquele debate fatídico, deu uma longa entrevista a um podcast americano, transcrito em parte pelo site Politico, contando sobre a saída do Biden da disputa. Basicamente ela bota a culpa na imprensa, mostra o rancor que ainda existe por Nancy Pelosi e Barack Obama (que fizeram a campanha na imprensa para a saída do Biden) e garante que os eleitores indecisos tinham gostado do Biden no debate. Então, tá!

Mas no fim ela admite que a mudança para Kamala Harris deu um plot twist na vibe da campanha. Kamala abraçou o tema mudança e o futuro.

"Trump tinha uma vantagem até certo ponto na mudança contra Biden porque Biden era o titular e ele estava concorrendo como o outsider novamente. De repente, ele é meio que o passado. E se você se lembra, muitos eleitores estavam tipo, 'Eu não quero nenhum dos dois'. Bem, agora eles realmente não precisam fazer uma escolha entre nenhum dos dois que eles não queriam. Eles realmente têm uma alternativa muito diferente."

Houston, Kamala has a problem

Kamala tem um probleminha pela frente: o rolê Hamas x Israel. Os manifestantes que exigem um cessar-fogo estão indo aos comícios. Ontem, Kamala teve até que ser meio "agressive" e lançou um "eu estou falando". Sim, darling, tipo um cala a boca mesmo. O rolê foi o seguinte, eles estavam lá manifestando, ela disse que a voz de todos importa em uma democracia, mas disse que ela estava falando naquele momento. A galera continuou protestando ao que ela disse:

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"Se vocês querem que Donald Trump vença, então digam isso. Caso contrário, eu estou falando."

No fim das contas, alguns dos manifestantes foram tirar fotos com ela e saíram de lá dizendo para a imprensa que entenderam que a candidata teria aceitado conversar sobre "embargos de armas". Sim, darling, eles querem que os Estados Unidos parem de prover armamento para Israel.

O caso gerou a primeira manifestação oficial da Kamala sobre o assunto. A conselheira de segurança nacional da vice-presidente correu dizer que ela não apoiava um embargo de armas a Israel. Outro conselheiro disse nas redes que Kamala "sempre garantiria que Israel fosse capaz de se defender contra o Irã e grupos terroristas apoiados pelo Irã". Mas que claro, ela quer um cessar-fogo.

Um hacker do Irã andou acessando a conta de "um alto funcionário de uma campanha presidencial" segundo a Microsoft. Li isso no Axios. A Microsoft diz que não sabe se tem a ver com as eleições, mas ao mesmo tempo também disse que vários grupos iranianos começaram a lançar campanhas agressivas de desinformação para influenciar o resultado das eleições presidenciais dos EUA de 2024. Sim, tipo a Rússia.

E estão a favor de quem????? Nem Deus sabe, darling.

A bizarrice

Bizarro mesmo é a notícia de que existe uma conferência de hackers em Las Vegas e eles se organizaram para arrecadar US$ 150 mil para a campanha da Kamala. "Hackers for Harris". Aliás, tem arrecadação de campanha de todo tipo para Harris. Até um "White Dudes for Harris".

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Corrigindo currículo

A campanha da Kamala teve que corrigir o CV do companheiro Tim Walz, seu vice. Tiveram que trocar a referência de Walz como "sargento-mor de comando aposentado" para um "já serviu na patente" de sargento-mor de comando. Tá ligado, né? Claro que a campanha do Trump já disse que Walz não é o que diz.

Coletiva 2

E como hoje é sexta vou pular a parte das coisas que o Trump disse na coletiva e dizer apenas que agora ele quer forçar a Kamala a dar uma coletiva. Ela diz que vai dar coletiva. (Coletiva de imprensa, onde repórteres perguntam 'livremente' para a pessoa que dá a coletiva. Boto entre aspas porque tem muita gente que adora tentar controlar quem pode perguntar e o que se pergunta em coletiva. Juro que não vou contar que o Dória fazia isso.)

Vocês sabem, dar coletiva virou uma questão depois que o Biden foi pego não dando coletivas porque teoricamente não queria mostrar que ele não era capaz para o cargo ao dar a coletiva. E nem me convidaram para a coletiva.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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