Muito dinheiro nas campanhas não garante votos nos EUA; entenda
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Atenção, começou. Eu sei, só se fala de eleições americanas nesta carta há dois meses, mas tenho que dizer que a corrida pra valer começou só agora. E apesar do sucesso da convenção democrata na semana passada, a corrida está muito, mas muito apertada, como bem alertaram Obamas e Clintons. Sim, eu também sei que você quer saber com o que estou chocada, mas como boa estrategista, só vou contar mais para baixo.
Antes preciso contar detalhes da corrida.
Kamala começa com o caixa cheio de dinheiro. Sua campanha arrecadou 540 milhões de doletas em apenas cinco semanas. É um recorde histórico em uma campanha presidencial americana. Pensa bem, isso em reais dá algo próximo de 3 bilhões de reais. (Nem no melhor esquema caixa 2, uma campanha presidencial brasileira arrecadou isso tudo. Até onde se sabe). Só na semana da convenção foram 82 milhões de dólares. E lá as pessoas doam na física, não na PJ.
No início de agosto, a campanha de Trump anunciou que tinha 327 milhões de doletas em caixa. Mas não encontrei dados mais atuais da campanha. Enfim, essa dinheirama toda vai virar propaganda eleitoral especialmente nos tais estados campos de batalha.
Em outra frente que Kamala parece estar bem é nas pesquisas. Varia de 1,5 a 3 pontos sua vantagem sobre Trump e é sempre bom estar na frente mesmo que a diferença não seja gigante. E ainda tem o fator convenção que não foi medido pelas pesquisas. A própria campanha de Trump já avisou que Kamala deve ter um repique nas pesquisas pós-convenção.
O problema é que no colégio eleitoral (que decide a eleição), as projeções ainda apontam vitória de Trump. Pra se eleger presidente, o candidato precisa ter 270 votos do colégio eleitoral. É por esse motivo que os sete estados indecisos são tão importantes.
Um dos estados mais importantes para Trump é a Geórgia. E quem diz isso não sou eu, é o senador republicano da Carolina do Sul, Lindsey Graham. Nos talk shows políticos deste fim de semana ele vaticinou: "Se não vencermos na Geórgia, não vejo como chegaremos a 270".
O fator GEÓRGIA
Talvez por isso, Trump tenha botado o rabinho entre as pernas na semana passada e foi para as redes sociais fazer um agrado ao governador da Geórgia, Brian Kem. Ele agradeceu ao governador "por toda a sua ajuda e apoio na Geórgia, onde uma vitória é tão importante para o sucesso do nosso Partido e, mais importante, do nosso País. Estou ansioso para trabalhar com você, sua equipe e todos os meus amigos na Geórgia para ajudar a TORNAR A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!"
Por que isso importa? Porque há algumas semanas, Trump foi discursar na Geórgia e xingou o governador, que é republicano e tem altos índices de aprovação. Basicamente, Kemp certificou o resultado da eleição em 2020 dando vitória para Biden quando Trump queria questionar o resultado.
A postagem do Trump agora rastejando por perdão gerou comentários de analistas dizendo que nada mostra mais o pânico de Trump e de que Kemp queria uma humilhação pública e Trump entregou.
Tem mais sobre a Georgia que precisamos saber. Recentemente, eles aprovaram novas regras que permitem que os funcionários eleitorais interrompam contagem de votos ou até se recusem a dar certificação caso acreditem que tenha alguma irregularidade. Significa que o resultado oficial da Geórgia possa atrasar. É, darling, pelo vista essa carta vai ter uma vida longa (Sim, Tixa, sua lagartixa linda, por favor, queremos você pra sempre nas nossas caixas de e-mail).
Roubando aqui o que andaram escrevendo: a corrida real não termina até a posse.
Robert Kennedy Jr bagunça a eleição
Robert Kennedy Junior era candidato a presidente como independente. Mas todo mundo já sabia que essa campanha não ia para a frente e na sexta ele desistiu de concorrer. Apoiou o Trump, apesar dele ser originalmente democrata. Também não surpreendeu ninguém.
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Quero receberNinguém sabe se esse apoio vai render algo, além de um pontinho marginal nas pesquisas, para Trump. Kennedy tinha 5% das intenções de votos (bem lá atrás ele chegou a ter 20%), não tem suporte de nenhum outro Kennedy (muito pelo contrário) e é dono de histórias esquisitas como o fato de ter alegado em um tribunal ter um verme no cérebro e que ele jogou um filhote de urso morto no Central Park e fez parecer que uma bicicleta o havia atingido. Sim, tudo estranho. (Não, ainda não é isso que me chocou.)
Kennedy insinuou que pode desistir de estar nas chapas de estados campos de batalha, mas que pode continuar na chapa em outro estados e assim ganhar a eleição. Como isso seria possível?
Aqui está o choque, darling:
Se Trump e Kamala empatarem no colégio eleitoral (269 a 269), a Câmara é que decide o rolê. Dizendo de outra forma: a Constituição americana diz que se nenhum candidato receber a maioria dos votos eleitorais, o vencedor é decidido pela Câmara, com a delegação de cada estado dando um voto. Socorro, BRASEW. Que eleição é essa?
Nota. Parece que essa ideia do Kennedy de que ele de repente poderia receber os votos dos representantes da Câmara e ser eleito presidente fica mais na fantasia porque daí ele também teria que ter voto do colégio eleitoral, o que dificultaria ter o empate e a eleição ir para a Câmara e ainda tem o lance de infidelidade partidária que é proibida em muitos estados. Enfim, só eu fiquei chocada com isso? Manda zap e me conta se você também ficou!
Como a corrida só começou agora, o embate mais esperado é o debate. Tem um marcado para o dia 10 de setembro na ABC, mas o Trump deixou ontem nas rede sociais a dúvida no ar se ele vai mesmo ao debate.
"Assisti às FAKE NEWS da ABC esta manhã, tanto a entrevista ridícula e tendenciosa do repórter Jonathan Carl (K?) com Tom Cotton (que foi fantástico!), quanto o chamado Painel de Odiadores de Trump, e pergunto: por que eu faria o Debate contra Kamala Harris naquela rede?"
O site Politico noticiou que as campanhas estão tratando porque o pessoal da Kamala insiste para que os microfones fiquem ligados durante todo o debate, mas que a campanha do Trump não quer (por motivos de melhor deixar no mudo). A campanha do Trump disse que eles querem mudar regras já estabelecidas tanto para o debate da CNN (o fatídico para o Biden) quanto para o da ABC.
"Eles não permitem que Harris dê entrevistas, não permitem que ela dê coletivas de imprensa e agora querem dar a ela uma folha de dicas para o debate. Meu palpite é que eles estão procurando uma maneira de se esquivar de qualquer debate com o presidente Trump."
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