Conteúdo publicado há 1 mês

Donald x Ronald: Kamala usa trabalho no McDonald's em disputa contra Trump

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Preparem-se, a batalha vai começar! No canto direito, vestindo calção vermelho, com as pernas brancas, mas rosto bronzeado e valendo bilhões, ele, Donald Trump. No canto esquerdo, com cara de palhaço, calção azul surrado, ele, Ronald. Sim, o McDonald's entrou na eleição.

A Kamala está construindo a história da sua vida para o eleitor americano e ela passa pelo primeiro emprego dela que foi no McDonald's. Alguém lembra que tinha um candidato a embaixador que também trabalhou fritando hambúrguer? Enfim, isso não é importante. Mas a Kamala tem um problema, ela precisa contar para o eleitor americano que ela entende de economia. Afinal, ela já foi de tudo nessa vida, inclusive atendente do McDonald's, e por isso entende a dor dos preços altos das coisas. Só pobre entende a dor dos preços.

Do outro lado, Kamala quer mostrar que Donald é um bilionário que teve tudo fácil na vida e então como ele vai entender o que o povo precisa na economia? A ideia da Kamala é focar que o Trump só vai favorecer grandes corporações.

Trump arrecada dinheiro? Para ele mesmo

Mas enquanto Kamala vai torrando seus 540 milhões de doletas do seu fundo de campanha em anúncios (sempre nos estados campos de batalha), Trump também está fazendo anúncios para arrecadar dinheiro. Mas para ele mesmo. Sim, acreditem que isso acontece bem no meio da eleição.

Ele anunciou ontem que está lançando a quarta "série de cartões digitais de Trump". São NFTs (tokens digitais exclusivos) com imagens heroicas do Ronald, digo, do Donald.

A promoção é a seguinte: quem comprar 15 ou mais cartões (cada um custa 99 doletas, uns 550 reais), ganha um cartão físico também. E o que tem de especial neste cartão físico? Um pedaço do terno que ele usou no debate presidencial. Ele ainda diz que vai assinar cinco desses cartões físicos aleatoriamente. Mas não para por aí. Quem comprar 27 mil dólares em cartões, pagando com criptomoedas dele, vai ser convidado para um jantar de gala no seu campo de golpe em Jupiter. Tixa do céu, o Musk vai emprestar a espaçonave? Não, tem um Jupiter na Flórida também.

E tem mais (como se fosse possível). Ele ainda lançou um livro com aquela foto do atentado em julho (sim, acredite, o atentado ocorreu há menos de dois meses). Uma edição autografada vai custar 499 doletas. Fez a conta? Isso, 2,7 mil reais. Acho que vou ali comer um cheddar McMelt, sem cebola, que sai mais em conta.

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A Geórgia não sai daqui desta carta, reparou? O estado hoje é do Trump, pelas pesquisas, mas ele andou tretando com o governador pop de lá (que é republicano) e depois implorou por perdão. A Kamala andou se aproximando nas pesquisas e agora a campanha entendeu que o estado possa vir a ser um vira-voto. Estão indo de mala e cuia para fazer comício por lá. A imprensa fala em "esforço renovado da campanha para priorizar o estado campo de batalha". Candidato só vai fazer campanha em lugar que acha que realmente pode fazer virar.

Bem-vindo, Wisconsin

Já falei muito de Wisconsin aqui, é um dos estados campos de batalha (entre aqueles sete que Trump e Kamala disputam a tapa e decidem a eleição), mas nunca tinha dado um título para ele. Vocês já sabem que a eleição está acirrada, né? Significa que quem ganhar pode ganhar por 10 mil votos. Então a tretinha que está rolando em Wisconsin vale a pena ser contada, pois pode ser um golpe na campanha de Kamala.

Um tribunal do estado decidiu manter na cédula em que as pessoas votam para presidente uma candidata do Partido Verde. Ah, não, Tixa, você não vai vir com essa agora de que tem um partido verde e não são só democratas e republicanos por lá. Darling do céu, tudo isso me choca a cada dia também. Believe me.

Enfim, existe um Partido Verde e uma candidata a presidente chamada Jill Stein. E qual o problema dela estar na cédula? Ela tira votos de Kamala. Para vocês terem ideia, há quem diga que a Hillary Clinton perdeu as eleições de 2016 para o Trump por causa da Jill. A tal Jill recebeu naquele ano 31 mil votos em Wisconsin e Trump venceu a Hillary no estado por apenas 23 mil votos. Uma loucura.

Em 2020, tinha um candidato do Partido Verde chamado Hawkins, mas ele não apareceu na cédula e Biden venceu Trump por 20 mil votos. Tá bom para vocês?

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Obviamente não dá para prever quantos votos Kamala ganharia em Wisconsin, mas as pesquisas mostram que ela tem 3,6 pontos a frente do Trump. Mas quando as pesquisas botam a Jill, Kamala fica apenas 1 ponto na frente.

Li um interessante artigo no New York Times de Kristen Soltis Anderson, que é uma pesquisadora republicana. Ela chama a atenção sobre porque as pessoas devem ver as pesquisas para as eleições americanas com certo ceticismo. Três são os motivos apontados por ela:

O fator Trump: Quando Donald está na cédula, aparecem muitos eleitores do nada para apoiá-lo ou para se opor a ele. E esse eleitor é insondável.

Eleitores improváveis: São aqueles que aparecem meio que onda e podem mudar uma eleição. Em 2012, eles foram para o Obama. Em 2016 e 2020, favoreceram Trump (sim, Trump perdeu em 2020, mas ficou bem perto do Biden, coisa que as pesquisas não mostravam). Quem esses improváveis vão favorecer agora?

Fadiga das pesquisas. Já disse aqui que nos Estados Unidos tem mais pesquisa que eleitor. Isso acontece por conta da tecnologia. Hoje qualquer um praticamente pode fazer pesquisa e eles saem fazendo pesquisas. Mas no fim das contas as pessoas podem cansar de responder pesquisas.

O efeito Kamala

Por falar em pesquisa, tem pesquisador já sentindo o efeito Kamala no processo eleitoral. E não no índice que mede as pesquisas, mas no número de eleitores se registrando para poder votar.

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Desde 21 de julho, o dia do sorvete, quando Biden caiu fora, o número de mulheres, pessoas de cor e jovens que se inscreveram para votar disparou comparado com 2020. O número de jovens mulheres hispânicas, por exemplo, cresceu 150%. O registro de democratas cresceu 50% e de republicanos apenas 7%.

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