Conteúdo publicado há 3 meses

Oprah domina Convenção Democrata com discurso parecido ao de Clinton

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Vizinhos. Não se fala de outra coisa na Convenção Democrata. A Oprah disse que se a casa do vizinho estiver pegando fogo, você salva todo mundo sem perguntar como ele pensa. Salva até os gatos das mulheres sem filhos (sim, foi uma ironia com o JD Vance). O Tim Walz, o vice amigão da Kamala, disse que os vizinhos podem não pensar como você, mas você tem que cuidar deles mesmo assim. O Bill Clinton disse para não menosprezar os vizinhos e tratar com respeito. Começo a achar que os democratas só têm vizinhos do MAGA.

E se você já começou se sentindo perdido, eu te ajudo a se encontrar.

1. MAGA é aquele movimento do Trump do Make America Great Again. Quando os americanos dizem que a pessoa é do MAGA significa que ela é uma radical de direita. Quem é MAGA é republicano. Mas nem todo republicano é MAGA.

2. Já os gatos, que a Oprah mencionou, são uma referência a uma entrevista antiga do JD Vance (que é um super MAGA e candidato a vice do Trump) chamando as mulheres sem filhos de senhoras dos gatos, mulheres dos gatos, mulher-gato, algo assim. Vocês sabem que essas traduções sempre são uma complicação, né? Em inglês, a expressão que ele usou foi: childless cat ladies.

"Quando uma casa está pegando fogo, não perguntamos sobre a raça ou religião do proprietário. Não nos perguntamos quem é seu parceiro ou como ele votou. E se o lugar pertencer a uma gata sem filhos, bem, tentaremos tirar esse gato de lá também."

3. O Clinton falando de tratar bem os vizinhos que não pensam como você foi um contraste com a frase de sua esposa, há 8 anos. Nas últimas semanas de campanha, Hillary (que era a candidata a presidente) descreveu os apoiadores de Trump como racistas, sexistas, homofóbicos, xenófobos e islamofóbicos. Há quem ache que foi aí que Hillary perdeu a disputa, ao botar todo mundo no mesmo pacote. Por isso, agora os democratas cuidam para falar apenas do Trump e do vice e não botar no mesmo balaio de gatos todos os republicanos ou todos os MAGA.

Otrascositasmas

É isso, BRASEW, o terceiro dia da Convenção Democrata foi sobre vizinhos e otrascositasmas.

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Talvez as otrascositasmas tenham sido mais importantes, como, por exemplo, o fato de que foi a primeira vez que Oprah falou em uma convenção partidária ou que foi a primeira vez que Tim Walz fez um discurso como candidato a vice. Mas vocês sabem, a gente tem sempre que achar um gancho para atrair a atenção de vocês.

E vamos combinar, o que incomoda mais do que um vizinho? Ops, digo, o que amamos mais do que nossos vizinhos? (Ainda mais quando é a Oprah falando dos vizinhos?)

O Obama no dia anterior já tinha falado dos vizinhos. Ele disse que o Trump é aquele vizinho que fica aspirando (ou seria soprando?) folhas do lado da sua janela o dia inteiro. Mas parece que ele também salvaria o Trump do incêndio. Então está tudo certo.

O Trump, aliás, até andou dizendo ontem que acha o Obama um cavalheiro e que gosta muito dele e até que respeita ele e a Michelle. E disse isso depois que a imprensa americana repercutiu exaustivamente o gesto de Obama no dia anterior insinuando que Trump é obcecado pelo tamanho de algumas coisas. Enfim, chega de intrigas, vamos ao conteúdo.

Nancy Pelosi é a toda poderosa dos Democratas, foi presidente da Câmara, estava lá no 6 de janeiro quando a galera invadiu o Capitólio, e foi ela que tirou o Biden da corrida. Mas como alguém bem notou, parece que os delegados acharam que ela fez um bom negócio porque foi bastante aplaudida quando entrou no ginásio da convenção ontem. Ela falou pouco, mas o nome Biden não foi mencionado. Ela se restringiu a dizer "Obrigada, Joe" (sim, Joe é o Biden, darling). Então é isso, Biden é página virada mesmo. Próxima.

Eu, eu, eu

Tem sido notório como os democratas, em seus discursos, querem retratar o Trump como alguém que só pensa nele mesmo. Que quer se eleger para se livrar da prisão. Que quer se eleger para melhorar seus próprios negócios. Enfim? Bill Clinton resumiu a história: Trump só pensa no: mim, eu mesmo e eu. De novo, fica melhor em inglês: me, myself and I.

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Clinton, a propósito, também deu uma indireta sobre a idade de Trump dizendo que não tem ideia de quantos eventos como esses poderá comparecer. Assim como Trump, Clinton tem 78 anos. Mas continua com uma vasta cabeleira, coisa de fazer inveja ao Fernandinho Cabelo.

Os Obamas já tinham sido incisivos em falar que a disputa é difícil, que tem que fazer campanha até o fim. Ligar para todo mundo para pedir voto, ir votar e blá, blá, blá. Mas ontem o Tim Walz foi ainda mais realista.

"It's the fourth quarter. We're down a field goal. But we're on offense and we've got the ball. We're driving down the field. And boy, do we have the right team."

Eu entendo zero de futebol americano, que é a referência que o Walz usou nesta frase em inglês aí em cima. Mas a tradução para um bom português seria que eles estão em desvantagem no jogo, mas com chances de ganhar porque estão no ataque e com o time certo.

As apostas

Nas casas de apostas, Trump acabou de passar a Kamala. Sim, darling, lá eles têm acompanhamento até de apostas reais sobre quem ganha a eleição. O Biden sempre esteve mal nas apostas, mas desde que Kamala assumiu a chapa, ela subiu vertiginosamente e chegou a passar Trump na semana passada com uma diferença de quase dez pontos. Ou seja, a galera acreditava que ela ganharia a eleição.

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Pois hoje isso mudou e o Trump agora aparece dois pontos na frente da Kamala. Parece que os Obamas e o Tim Walz têm razões para estarem preocupados.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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