Conteúdo publicado há 1 mês

Kamala faz entrevista fria e Walz tropeça em algumas respostas

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Kamala Harris finalmente deu sua primeira grande entrevista. A sensação é que ficou no zero a zero. Nem disse nenhuma bobagem. Nem tampouco pareceu ser uma grande líder mundial. E ainda levou o Louro José, digo, o candidato a vice Tim Walz para ficar do seu lado. Sim, a entrevista foi com os dois. Curioso que ela tenha que ter levado um homem junto, mas não vou fazer intrigas com um país que nem é o meu.

Já que ela levou o Walz, sou obrigada a destacar que ele andou contando umas mentirinhas sobre seu histórico de atleta, digo, de militar. Quando foi defender o fim do armamento por conta dos ataques às escolas ele saiu com essa: "podemos garantir que essas armas de guerra, que eu carreguei na guerra, sejam carregadas apenas na guerra".

O problema é que ele nunca foi para a guerra. É fato que ele ficou 24 anos na Guarda Nacional, mas justamente quando ele poderia ir para guerra (a do Iraque) ele se aposentou para se candidatar a deputado. Obviamente, os republicanos caíram em cima desse detalhe.

Tim Walz então saiu com essa ontem na entrevista da CNN: "Minha gramática nem sempre está correta." Sorte que ele nunca foi professor de gramática, só de Geografia. Alguém com um olhar brasileiro mais apurado diria que tucanaram a mentira. Mas quem sou eu para fazer intrigas.

A entrevista de Kamala

1. Ela disse que quer chamar um republicano para trabalhar no seu governo. Essa foi uma tradição por muitos governos, interrompida nas gestões de Trump e Biden.

2. Ela garantiu que não vai proibir o fracking (a exploração de gás de rochas e que é prejudicial ao meio ambiente) porque segundo ela dá para fazer a transição energética sem precisar acabar com isso. Ela já foi terminantemente contra, mas agora está pensando nos votos da Pensilvânia.

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3. Elogiou como pôde o Biden

"Estou muito orgulhosa do trabalho que fizemos para reduzir a inflação para menos de 3%."

4. Mas também se distanciou como pôde da política econômica de Biden.

"A América se recuperou mais rápido do que qualquer nação rica ao redor do mundo, mas... os preços, em particular os de mantimentos, ainda estão muito altos. O povo americano sabe disso. Eu sei disso."

5. Em vez de pedir crédito sobre o que Biden fez, ela quer reforçar o que ela fará como presidente. (E essa é a grande mudança da campanha democrata ao ter se livrado de Biden.)

6. Ela disse que quer virar a página dos últimos dez anos. O que inclui esquecer o Trump, mas o Biden também.

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7. Ela se recusa a discutir a grande questão: ela é negra e mulher. Perguntada sobre as declarações falsas de Trump de que ela não se identificava como negra, respondeu apenas: "O mesmo velho e cansado manual. Próxima pergunta, por favor."

8. Quem viu o discurso de teleprompter que ela fez na convenção, toda trabalhada em "eu sou uma líder mundial", não a reconheceu. Improviso, pelo visto, não é seu forte também. (Atenção que tem debate dia 10.)

9. Ela também deu poucas explicações sobre o que vai propor para mudanças na imigração.

Senta que tem história

Treta 1

Trump entrou em um confronto com os milicos por conta de uma visita que fez ao cemitério de Arlington, considerado mais do que sagrado pelo Exército já que os heróis de guerra estão todos lá.

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A treta é a seguinte: é proibido fazer campanha no cemitério, por motivos óbvios. Mas o Trump foi convidado para uma cerimônia por lá. O Exército disse que ele poderia ir na pessoa física, ou seja, sem levar equipe de campanha. O que ele fez? Levou equipe de campanha com fotógrafo e cinegrafista. Chegando lá, a autoridade do cemitério, uma mulher, tentou explicar que eles não poderiam tirar fotos ou fazer vídeos. O que fizeram? Empurraram a funcionária e ainda disseram que ela tinha problemas mentais.

Em nota, o Exército disse que a mulher foi "repentinamente empurrada para o lado" e "injustamente atacada" pelos funcionários de Trump e seus representantes

Lembrando: o cemitério é um lugar sagrado para os milicos.

Treta 2

Como já contei várias vezes, o candidato que defende a permissão do aborto sai na frente na campanha eleitoral americana. (Isso, darling, diferente do que acontece aqui). Pois bem, o estado da Flórida vai fazer um plebiscito sobre o assunto no dia da eleição. E apesar de ter se tornado um estado essencialmente republicano, a maioria vai votar a favor do aborto. E aí o Trump, que vota na Flórida, foi perguntado sobre o que ele vai fazer e saiu com essa:

"Vou votar que precisamos de mais de seis semanas."

Hoje o aborto na Flórida é permitido para quem está com apenas seis semanas de gravidez. Bom, a interpretação para a fala dele é que se ele é a favor de mais seis semanas, terá que votar a favor do aborto no plebiscito.

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O problema é que a questão segue controversa entre os republicanos mais conservadores, especialmente o governador da Flórida, Ron de Santis.

Mas ao mesmo tempo, o aborto deve ganhar mais votos do que até mesmo o Trump deve conseguir no estado. Coerência é tudo.

Os advogados de Trump estão tentando levar o caso de suborno, em que o ex-presidente foi condenado por 34 crimes, para um tribunal federal. Eles alegam que é um assunto presidencial e que ele como presidente tinha imunidade. Mas acontece que o tal suborno a uma atriz pornô, para que ela não contasse nada sobre um suposto encontro sexual, foi feito durante a campanha de 2016.

Trump foi condenado por um júri em um tribunal de Nova York e a sentença do juiz sai dia 18 de setembro. Eis porque os advogados tentam agora tumultuar o processo. Imagina se ele for condenado à prisão?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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