Casa mais sádica dos EUA 'enterra vivo por 12 h'; local tem fila de espera
Já ouviu falar da casa mais aterrorizante e sádica dos Estados Unidos? O local não é conhecido por barulhos estranhos, nem boatos sobrenaturais, mas, sim, pelas práticas perigosas que são oferecidas aos interessados.
As pessoas que entram na mansão McKamey Manor passam basicamente por uma tortura. No site oficial da "atração", há logo um aviso: "Este é um evento de participação do público no qual (VOCÊ) viverá seu próprio filme de terror. Esta é uma experiência difícil, intensa e verdadeiramente assustadora."
Inclusive, o local está sendo investigado pela polícia do Tennessee, um dos estados em que a atração é realizada, depois de ter inspirado uma série no streaming Hulu.
Como funciona a casa
Experiência é concorrida. Em 2019, havia uma fila de espera com quase 24 mil pessoas. Em 2014, quando a ideia foi lançada por Russ McKamey, eram cerca de 20 mil aguardando.
Antes de entrar na casa, as pessoas devem assinar um termo de responsabilidade de aproximadamente 40 páginas — o tamanho do documento depende das atividades que serão realizadas.
Experiências bizarras. O participante autoriza que diversos tipos de atividades sejam feitas, como ser colocado em uma jaula ou ser obrigado a comer algo nojento.
Lista de exigências. É necessário ter mais de 21 anos (entre 18 e 20 anos, apenas com autorização dos pais e/ou responsáveis), além de ter uma carta médica informando que o indivíduo está apto fisicamente e mentalmente.
Pessoas são filmadas. Atração dura cerca de 10 horas e, depois, o vídeo é publicado no canal do YouTube da mansão.
Há duas opções de lugares: Nashville, no Tennessee, e Huntsville, no Alabama. No começo, a atividade também ocorria em São Diego, na California.
Quem completar "desafio" ganha dinheiro. Russ oferece cerca de 20 mil dólares (aproximadamente R$ 110 mil) se um dos competidores conseguir concluir o desafio. Em entrevista a diversos veículos internacionais, ele contou que ninguém nunca atingiu tal feito. Não há informações sobre qualquer taxa de pagamento antes de entrar na mansão.
Não é possível saber se o local segue funcionando em 2024. Última atualização da agenda publicado no site oficial é de 2023.
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"Táticas de controle mental", "ser enterrado vivo por 12 horas" ou "pegar uma doença mais tarde na vida". Ao assinar papel, participante pode ser submetido a esse tipo de situação, entre outras.
Informações são de uma suposta versão do documento com data de 2017. Arquivo foi publicado na internet há quatro anos, segundo o jornal Metro UK, e mostra a quantidade de coisas bizarras que participantes devem aceitar antes de entrar na mansão.
Simulações de afogamento, extração de dente e mais. Na internet, há informações de atividades que incluem pessoas amarradas ou trancadas em locais apertados (como uma jaula), "banhos" de sangue, além de "comidas" nojentas e muitos bichos (como aranhas) envolvidos na tortura.
Pessoas comendo barata e pedindo para sair da casa. Vídeo promocional de 2013 mostra frequentadores nestas situações.
Russ disse, em 2018, que ninguém sofreu "nada sério". "Houve um ataque cardíaco uma vez, mas a pessoa ficou bem", falou ao site Nashville Scene.
As pessoas podem sofrer pancadas, ter hematomas, torções e cortes. Mas você também pode morrer na Disneylândia. Russ McKamey ao Nashville Scene
Para se defender de acusações de tortura, Russ afirmou que pessoas são hipnotizadas. "Posso colocar alguém em uma piscina infantil cheia de água e dizer que há um grande tubarão-branco lá com você, e você vai acreditar que há um grande tubarão-branco lá", falou.
Tenho esse tipo de controle sobre a mente de alguém durante esta excursão e posso fazer você acreditar que coisas estão acontecendo quando na realidade não estão. Russ McKamey à rede de TV norte-americana CBS 42
Autoridades dos EUA investigam
Mansão é investigada pela polícia do Tennessee. Isso ocorreu no fim de 2023 após lançamento da série "Monster Inside: America's Most Extreme Haunted House", que trouxe várias entrevistas com participante, assim como com o fundador.
Carta de preocupação. Kristine Knowles, procuradora-geral assistente do Tennessee, enviou uma carta para McKamey Manor no Halloween de 2023 expressando preocupação com as práticas comerciais da atração. Eles exigiram documentos e informações.
Russ parece não ter dado bola às autoridades. Pelo X, o fundador da mansão respondeu a provocações de Jonathan Skrmetti, diretor jurídico do Tennessee. McKamey respondeu dizendo "haters gonna hate" (na tradução seria algo como "odiadores vão odiar").
Happy Halloween. Today @agtennessee sent a letter to the @McKameyManor raising serious concerns about its business practices in operating its "extreme haunted attraction." This office continues to prioritize the safety and wellbeing of all Tennesseans.#Halloween #Tennessee
-- TN Attorney General (@AGTennessee) November 1, 2023
Atração é alvo de críticas
Atração virou alvo de polêmicas. Uma frequentadora relatou atividades "muito extremas" e "brutais" em 2015. Amy Milligan, em entrevista ao San Diego Union-Tribune, disse que os momentos mais brutais da atividade foram cortados do vídeo publicado no YouTube.
Ela pediu que parassem, mas ninguém respeitou. Amy afirma que os atores envolvidas nas "assombrações" da casa empurraram a cabeça dela para baixo d'água repetidamente enquanto ela implorava para que parassem com a "atração".
Outra mulher precisou de atendimento médico. Em 2016, Laura Hertz Brotherton, que teria envolvimento amoroso com McKamey, disse que ele tornou a experiência muito pior para ela. Laura contou que precisou ir ao hospital devido aos experimentos.
Fui submetida a afogamento simulado, eletrocutada, chicoteada (...) Fui repetidamente atingida no rosto [...] tão forte quanto um homem pode bater em uma mulher. Laura Hertz Brotherton ao Nashville Scene
McKamey se defende de acusações. Ele disse que "se realmente houvesse hospital e polícia envolvidos", ele estaria na cadeia. "Eu não faria isso porque tortura não é legal. Não importa o que você assine, você não tem permissão para torturar ninguém", falou.
Petição online criada em 2019 pede fechamento da atração. O documento ainda recebe assinaturas atualmente e já chegou de 200 mil.
Especialistas jurídicos divergem de opinião sobre atração. Segundo reportagem do jornal Metro UK, uma das fontes consultadas explicou que as pessoas aceitam as atividades ao assinar o temo — sem incluir, claro, um possível tipo de crime.
Existe consentimento, mas é possível revogá-lo. Promotor público do Tennessee, Brent Cooper, disse ao jornal que a "tortura" é tecnicamente legal entre dois adultos consentidos, mas ambos têm o poder de revogar seu consentimento a qualquer momento.
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