De direita, novo premiê da França negociou o Brexit: quem é Michel Barnier
O presidente Emmanuel Macron escolheu Michel Barnier, de direita, como novo primeiro-ministro da França. O ex-ministro de 73 anos substitui Gabriel Attal, 35, e tem como primeiro desafio fazer com que as reformas e o orçamento de 2025 passem por um Parlamento dividido, em meio à pressão da Comissão Europeia para que o país reduza seu déficit.
Quem é Michel Barnier
Filiado ao Les Républicains (LR), foi ministro em diversas ocasiões. A longa carreira política de Michel Barnier começou em 1973. Além de deputado e senador, foi ministro do Meio Ambiente entre 1993 e 1995, das Relações Europeias (1995-1997), das Relações Exteriores (2004-2005) e da Agricultura (2007-2009), participando de três presidências: François Mitterrand, Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy. Além disso, atuou como comissário de Políticas Regionais (1999-2004) e Mercado Interno (2010-2014) da União Europeia.
Liderou a delegação da União Europeia nas negociações do Brexit. Em 2017, em entrevista a veículos europeus, Barnier disse lamentar "profundamente" a decisão do Reino Unido de deixar a UE, reforçando que o Brexit teria consequências humanas, sociais, financeiras, técnicas e judiciais. "Sempre defendi que ninguém subestimasse essas consequências", afirmou. O processo, que demorou três anos para sair do papel, hoje é apontado como um dos principais responsáveis pela crise econômica no Reino Unido.
Deu guinada à direita em 2021, quando disputou as primárias do LR. Ele queria concorrer à presidência nas eleições de 2022 — posteriormente vencidas por Macron —, mas não conseguiu apoio suficiente de seu partido. Na época, Barnier causou espanto ao prometer um referendo para recuperar a "liberdade de manobra" na política migratória, argumento comparado aos usados pelos apoiadores do Brexit.
Admirador de Charles de Gaulle, se define como 'patriota e europeu'. A visão de Barnier sobre o projeto europeu passa pela defesa da soberania nacional, e não pela união maior entre os países.
Será o premiê mais velho da história da 5ª República, iniciada em 1958. Barnier substitui o mais jovem, Gabriel Attal, de 35 anos, que chegou a pedir demissão após as eleições legislativas de julho.
Foi apelidado pela extrema direita de 'Joe Biden francês'. O Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen definiu Barnier como um "fóssil da vida política", mas garantiu que não apresentará uma "moção de censura imediata" contra sua nomeação. Já o líder do partido de esquerda La France Insoumise (LFI), Jean-Luc Mélenchon, disse que as eleições legislativas foram "roubadas". Agora, e escolhido de Macron tem a difícil missão de convencer os partidos, em uma França atolada em uma profunda crise política, que merece ocupar o cargo.
Ele é um homem de Estado. Um homem de consenso e de negociação, como já demonstrou durante as negociações do Brexit, algo que parece indispensável para o período atual.
Vincent Jeanbrun, deputado de direita, em entrevista à AFP
Barnier não vem da Nova Frente Popular [NFP], que venceu as eleições [legislativas de julho], mas de um partido que obteve menos votos. Está em curso uma negação da democracia.
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de esquerda LFI
(Com AFP, ANSA e Reuters)
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