Kamala ou Trump? 'Nostradamus das eleições' crava nome do vencedor nos EUA
Conhecido pelas previsões nas eleições presidenciáveis nos Estados Unidos, Allan Lichtman divulgou sua aposta para a corrida de 2024, que terá o vencedor conhecido em novembro.
O que aconteceu
Historiador da American University foi apelidado de "Nostradamus" pelo The New York Times por conta de histórico de acertos. Em quarenta anos, o aproveitamento de Lichtman tem sido "quase" perfeito: nas últimas dez eleições, o historiador cravou nove de suas previsões. Allan Lichtman foi, inclusive, um dos únicos nomes a apostar na vitória do republicano Donald Trump nas eleições de 2016. O método adivinha quem será o vencedor das eleições presidenciais nos Estados Unidos desde a reeleição de Ronald Reagan, em 1984.
Único erro de Lichtman foi em eleição marcada por polêmica. A votação de 2000 acabou se tornando uma batalha judicial na Suprema Corte, e o resultado das eleições demorou 37 dias para ser divulgado. Na ocasião, George W. Bush foi eleito presidente, enquanto a aposta de Lichtman havia sido no democrata Al Gore.
Para 2024, o norte-americano divulgou recentemente sua previsão. Em entrevista à rede FOX, Lichtman contou que, após aplicar seu método, considerado por ele um "sistema de previsão único", concluiu que Kamala Harris deve ser eleita presidente.
Minha previsão é: Kamala Harris será uma presidente dos Estados Unidos que quebrará precedentes. A primeira mulher presidente na história dos EUA Allan Litchman à FOX
Segundo Litchman, Kamala apresentou pontos positivos desde que assumiu a posição de candidata democrata à presidência. Atual vice-presidente foi nomeada pelo partido após a desistência do atual presidente Joe Biden. Para Litchman, o apoio declarado do partido a Kamala foi um dos fatores que pesaram a favor da candidata. "Os democratas finalmente tiveram força e foram inteligentes para se unir em volta de Kamala", explicou.
Para o historiador, figura de Kamala agradou parte dos eleitores. Segundo Litchman, com a possibilidade de votar em Kamala, os norte-americanos "não precisavam mais escolher entre dois homens velhos e brancos".
A pouco menos de dois meses do pleito, Litchman acredita que dificilmente sua previsão mudará. "Isso significa que é impossível? Não, eu não sou arrogante o bastante para dizer que nada pode mudar".
Como método utilizado nas previsões foi criado?
Em 1981, historiador conheceu especialista em terremotos no Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA). O russo Vlaidmir Keilis-Borok havia dedicado sua carreira na antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) para o desenvolvimento de um método que permitisse antecipar quando um terremoto ocorreria. Keilis-Borok queria testar sua validade também para prever o resultado de eleições.
Russo fez uma proposta inusitada a Litchman. "Na URSS não havia eleições e como eu era um especialista em história da presidência dos Estados Unidos, ele sugeriu que trabalhássemos juntos", contou o norte-americano à BBC News Mundo.
Em conjunto, a dupla desenvolveu modelo de previsão dos resultados eleitorais. Analisando retrospectivamente os resultados das eleições presidenciais de 1860, Litchman e Keilis-Borok passaram a aplicar a técnica de reconhecimento de padrões utilizadas pelo russo em seus estudos geofísicos.
O segredo do nosso modelo foi reconceituar as escolhas em termos geofísicos, estabelecendo dois cenários possíveis: no primeiro, nós identificamos uma situação de estabilidade, em que o partido [atualmente] na Casa Branca permanece; no segundo, ocorre um terremoto e o partido no poder o perde
Allan Litchman sobre o desenvolvimento de seu método de previsão
Pesquisadores definiram então 13 fatores (chamados por Litchman de "keys", chaves em inglês). Seguindo o raciocínio algorítmico de Keilis-Borok e o conhecimento da história dos EUA de Lichtman, a dupla enumerou uma série de fatores determinantes no resultado da corrida presidencial. Entre os fatores analisados, leva-se em conta, por exemplo, a presença dos partidos no Congresso e se o atual presidente está concorrendo para a reeleição. Eventuais disputas primárias, a presença de um terceiro partido e o desempenho econômico do país em curto prazo também são pontos avaliados no modelo utilizado por Litchman atualmente.
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Quero receberQuando seis ou mais fatores entre os 13 atualmente aplicados não ocorrem, nas palavras de Lichtman, "temos um terremoto político". Nesse cenário, o partido atualmente responsável pelo governo perderá a Casa Branca. Para 2024, por exemplo, Litchman prevê que o partido Democrata perderá, no máximo, em cinco fatores, mantendo o poder.
*Com informações de reportagem publicada em 26/09/2020.
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