Conteúdo publicado há 2 meses

Mortes por explosões de walkie-talkies do Hezbollah no Líbano chegam a 25

Subiu para 25 o número de mortos após explosões simultâneas de 'walkie-talkies' do Hezbollah, no Líbano, na quarta-feira (18).

O que aconteceu

Entre os mortos, 20 eram integrantes do grupo islamista libanês Hezbollah. Mais 450 pessoas ficaram feridas. Número foi atualizado em coletiva de imprensa pelo ministro da Saúde do país, Firass Abiad, nesta quinta-feira (19).

Walkie-talkies do Hezbollah explodiram no subúrbio de Beirute no fim da tarde de quarta-feira (18). Uma das explosões ocorreu perto de um funeral organizado pelo Hezbollah para os mortos no dia anterior, após "pagers" também explodirem.

Os ataques aconteceram em todo o sul do país e nos subúrbios ao sul da capital Beirute. Os rádios portáteis foram adquiridos pelo Hezbollah há cinco meses, na mesma época em que os pagers foram comprados, disse uma fonte de segurança à Reuters.

A agência de notícias libanesa também declarou que sistemas de energia solar de casas e aparelhos para biometria em Beirute também explodiram. Mais de 30 ambulâncias foram enviadas para o sul e leste do Líbano, disse a Cruz Vermelha. Em uma publicação no X, o órgão informou que outras 50 ambulâncias foram colocadas em alerta para apoiar as operações de resgate e evacuação

O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de "objetos civis" como arma de guerra. "É muito importante que haja um controle eficaz dos objetos civis para não transformá-los em armas. Esta deveria ser uma regra para todos no mundo, que os governos deveriam ser capazes de aplicar", disse Guterres hoje à imprensa.

O que são walkie-talkies

Um homem segura um walkie-talkie depois de remover a bateria durante o funeral de pessoas mortas no dia anterior
Um homem segura um walkie-talkie depois de remover a bateria durante o funeral de pessoas mortas no dia anterior Imagem: ANWAR AMRO/AFP

Walkie-talkies são dispositivos de voz usados para comunicação por ondas de rádio. Os aparelhos, que ficaram obsoletos, costumavam ser adquiridos em conflitos do passado para esconder sinais dos adversários.

Continua após a publicidade

O Hezbollah é aliado do grupo extremista Hamas, protagonista de uma guerra de quase um ano contra Israel na Faixa de Gaza. Embora a violência tenha recentemente aumentado, há décadas a fronteira entre Israel e o Líbano é cenário de conflitos.

O Hezbollah, aliado do Hamas, ameaçou Israel. Em um comunicado, o grupo disse que "a resistência islâmica no Líbano continuará (...) suas operações para apoiar Gaza" e prometeu um "ajuste de contas severo" contra os israelenses.

Explosões de pagers no dia anterior

Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano
Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano Imagem: Reprodução/Telegram

Foram 12 mortos após explosões simultâneas de 'pagers' do Hezbollah, no Líbano, na terça-feira (17). Explosões aconteceram de forma simultânea, por volta das 15h45 (horário local). O anúncio foi feito pela televisão estatal iraniana.

Continua após a publicidade

Uma fonte próxima ao Hezbollah atribuiu as explosões a um ataque cibernético "israelense". Segundo o jornal New York Times, os explosivos foram escondidos pelas forças do estado judeu.

Israel não se pronunciou diretamente sobre as explosões. No site das IDF (Forças de Defesa de Israel), há apenas um registro feito às 13h55 (horário local) sobre a identificação "vários terroristas do Hezbollah operando na estrutura militar da organização na área de Blaida, no sul do Líbano". "Fechando o círculo do ar, caças atacaram o prédio e mataram três terroristas que operavam lá", diz o registro.

Uma menina de 10 anos, filha de um membro do Hezbollah no Líbano, está entre os mortos. Ela morreu quando o pager de seu pai explodiu, segundo sua família. Entre os mortos também estão os filhos de dois deputados do Hezbollah, Ali Ammar e Hassan Fadlallah, disse à AFP uma fonte.

O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, ficou ferido em uma das explosões. De acordo com a televisão estatal iraniana, o diplomata "está consciente". Na Síria, 14 membros do Hezbollah também ficaram feridos, afirmou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Os Estados Unidos advertiram o Irã para "não aumentar as tensões" na região. O Brasil condenou o ataque.

Maioria das vítimas apresenta ferimentos "no rosto, nas mãos, no abdômen e até mesmo nos olhos". Não houve comentário imediato das Forças Armadas israelenses, que vêm trocando disparos com o Hezbollah desde outubro passado, paralelamente à guerra de Gaza.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um dispositivo explodindo no bolso de um homem. Ele estava dentro de um mercado em Beirute. Fotógrafos da agência de notícias Associated Press nos hospitais da região descreveram que as urgências estavam sobrecarregadas de doentes, muitos deles com ferimentos nos olhos, na barriga e nas mãos e alguns em estado grave.

Continua após a publicidade
Siga UOL Notícias no

O que são pagers

Pagers se popularizaram nos anos 1990. Os aparelhos caíram em desuso devido à evolução dos celulares, mas ainda hoje são o meio de comunicação preferido pelo Hezbollah para evitar o risco de interceptação de mensagens. No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes".

A agência oficial de notícias do Líbano relatou que o sistema "foi hackeado com alta tecnologia". "Um incidente de segurança sem precedentes nos subúrbios ao sul de Beirute e em várias regiões libanesas", afirmou a agência.

O movimento Hezbollah havia pedido aos seus membros que parassem de usar celulares. O objetivo era evitar o risco de intercepção por parte de Israel. Por isso, o grupo islâmico xiita instalou um sistema de pagers, que não necessita de cartões SIM ou conexão com a internet, para se organizar e convocar seus integrantes para ingressar em suas unidades.

Após as explosões, o Hezbollah pediu que membros joguem aparelhos fora. "Cada um que receber um novo pager, jogue-o fora", diz uma mensagem de voz que circulou entre os membros do Hezbollah, segundo um dos membros, que a compartilhou com o The Washington Post.

Continua após a publicidade

*Com AFP e Reuters

Deixe seu comentário

Só para assinantes