Ex-ministro da Defesa é preso após lei marcial fracassada na Coreia do Sul

O ex-ministro da Defesa da Coreia do Sul Kim Yong-hyun foi preso na noite deste sábado (7, no Brasil; e domingo, no horário local) por suposto envolvimento na declaração de lei marcial do presidente do país, Yoon Suk Yeol, nesta semana. A informação foi divulgada pela agência de notícias Yonhap.

O que aconteceu

Prisão foi realizada após o ex-ministro, de 65 anos, comparecer para um interrogatório na sede da promotoria que investiga o caso de suposta traição. A pena para o crime pode ser prisão perpétua ou pena de morte no país.

Ex-ministro foi preso por suspeita de insurreição e abuso de autoridade, segundo a promotoria. Ele, que é a primeira pessoa detida após o episódio, também teve o telefone apreendido, informou o jornal The Korea Herald. Ainda não há mais detalhes sobre a detenção de Yong-hyun.

Nesta semana, Yong-hyun assumiu todas as responsabilidades relacionadas à lei marcial. "Em primeiro lugar, lamento profundamente e assumo total responsabilidade pela confusão e preocupação causadas ao povo em relação à lei marcial", anunciou. Em comunicado, ele também apresentou seu pedido de demissão na quarta-feira (4). Antes, o Partido Democrata entrou com pedido de impeachment contra ele.

Ex-ministro disse ter sido o único responsável por tudo o que aconteceu e que os militares mobilizados estavam sob sua direção. O Ministério da Defesa Nacional confirmou que Yong-hyun aconselhou o presidente a impor a lei marcial. Essa afirmação, no entanto, foi contestada por todos os outros integrantes do Gabinete, incluindo o primeiro-ministro Han Duck-soo, segundo o The Korea Herald.

Yong-hyun havia sido nomeado como o terceiro ministro da Defesa do governo há três meses. Durante uma audiência de posse no dia 2 de setembro, ele teria descartado qualquer possibilidade de decreto da lei marcial. Apesar disso, investigações iniciais indicam que ele teria encabeçado o plano.

Entenda o caso

Presidente da Coreia do Sul decretou a lei marcial no país na terça-feira (3) e recuou horas depois. Yoon Suk Yeol justificou que a decisão era necessária para proteger o país de "forças comunistas" em meio a constantes disputas com o Parlamento, controlado pela oposição. A medida surpreendente ocorreu no momento em que o Partido do Poder Popular de Yoon e o Partido Democrático, principal legenda de oposição, travam uma queda de braço em relação ao projeto de lei orçamentária do próximo ano.

Duras proibições foram anunciadas. "Todas as atividades políticas, incluindo as da Assembleia Nacional, dos conselhos locais, dos partidos políticos e das associações políticas, bem como assembleias e manifestações, são estritamente proibidas", disse comunicado do governo sul-coreano.

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Os meios de comunicação estavam sujeitos a controle. "Para proteger a Coreia do Sul liberal das ameaças impostas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e para eliminar elementos antiestatais", disse o presidente. O anúncio foi feito em um discurso televisionado ao vivo para a nação. Yoon Suk Yeol não especificou quais ameaças seriam essas.

Parlamento foi fechado. Em resposta, o presidente da casa legislativa afirmou que faria uma sessão de urgência na noite de terça para debater o anúncio do presidente. O Parlamento, com 190 de seus 300 membros presentes, aprovou uma moção exigindo que a lei marcial declarada pelo presidente Yoon Suk Yeol fosse suspensa, mostrou a TV ao vivo.

Parlamentares aprovaram a revogação da lei e documento foi enviado ao gabinete presidencial. Apesar disso, o episódio deixou o país em uma das piores crises políticas de sua história moderna e colocou o futuro de Yoon em suspense.

Neste sábado, Yoon sobreviveu a uma votação de impeachment no Parlamento liderado pela oposição. Isso ocorreu após membros de seu partido boicotarem a sessão. Foram registrados apenas 195 votos, abaixo dos 200 necessários para que a votação fosse contada, e a moção foi descartada.

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