Na Rio+20, Mantega não mantém estímulo a eletrodoméstico verde e exalta parceria no petróleo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez o anúncio de um fundo em parceira com a China de R$ 60 bilhões durante a Rio+20. Mas engana-se quem possa pensar, em um primeiro momento, que o fundo tem alguma ligação com o desenvolvimento sustentável, tema da Conferência. Como exemplos de protocolos assinados o ministro citou aviões, automóveis e petróleo, temas demonizados pelo ambientalistas.

Além disso, ao ser questionado, Mantega disse que o governo não vai manter a isenção do IPI sobre eletrodomésticos que gastam menos energia, a chamada linha branca. "Não estamos pensando em prorrogar [o imposto], então, se você está pensando em comprar uma geladeira, aproveite a oportunidade", brincou o ministro.

A desoneração para a linha branca, que entrou em vigor em 1º de dezembro de 2011, termina no próximo dia 30. O imposto para fogão passou de 4% para zero; geladeira, de 15% para 5%; máquina de lavar, de 20% para 10%; e máquina de lavar semiautomática (tanquinho), de 10% para zero. A medida só vale para produtos com selo “A” de eficiência energética do Inmetro.

Comercial

A Embraer venderá aviões, enquanto a China irá instalar empresas automobilísticas e petroleiras no Brasil. Diversos ambientalistas, como Fábio Feldman, criticaram a isenção de IPI para automóveis que o governo aprovou há alguns dias. “No Brasil, a medida contra a crise foi o corte nos impostos dos automóveis, estimulando as compras. Até 2030, segundo pesquisas, teremos 3 bilhões de pessoas na nova classe média. Assim, não há economia verde que resista”, ressaltou.

A aviação internacional e a extração e produção do petróleo estão entre os principais emissores de gases do efeito estufa, um grave problema que leva ao aumento da temperatura global, aumento do nível dos mares e na quantidade de desastres ambientais.

 Mercadante

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também disse que serão abertas até 5 mil vagas nos próximos 3 anos na China para o programa Ciência sem Fronteiras. A parceira inclui ainda o lançamento de dois satélites meteorológicos sino-brasileiros, um em novembro deste ano, outro em 2013.

"Teremos pesquisas conjuntas na área de biotecnologia, nanotecnologia, oceanos, proteção ambiental e telecomunicações"

"O Brasil é um dos países que mais consegue conciliar as três vertentes do desenvolvimento sustentável", afirmou Mercadante ao comentar o rascunho aprovado pelas delegações antes da chegada dos chefes de Estado, na última quarta-feira (20).

"O documento final traz avanços. Os Objetivos do Milênio, por exemplo, são válidos apenas para os países em desenvolvimento. Aqui, 192 países concordaram em criar uma métrica que será verificada e quantificada para todos. Estabeleceu que vai além de econômico, vai ter um indicador social e ambiental para criar uma métrica de desenvolvimento. O plano de trabalho começa imediatamente", concluiu.