Amazônia atinge em 2012 o menor desmatamento em 24 anos, diz governo
A Amazônia Legal registrou no ano passado a menor taxa de desmatamento desde 1988, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a fazer as medições na área.
O Brasil perdeu 4.571 quilômetros quadrados da floresta tropical entre agosto de 2011 e julho de 2012, mostram dados consolidados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal) que foram apresentados nesta quarta-feira (5), durante abertura do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em Brasília. Em dezembro, números preliminares já apontavam o recorde.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, houve uma queda de 84% do desmatamento comparado a 2004, ano em que foi elaborado o primeiro plano de combate ao corte do bioma brasileiro. Naquele ano, a Amazônia perdeu 27.772 quilômetros quadrados, a segunda maior taxa registrada desde o início da série histórica - o pior índice foi em 1995, quando o desmatamento atingiu 29.059 mil quilômetros quadrados.
ÍNDICE DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL POR ESTADO
A presidente Dilma Rousseff afirmou durante a cerimônia no Palácio do Planalto que o país conseguiu consolidar o controle do desmatamento, tornando-se uma referência mundial em preservação ambiental. "Nós vamos provar que temos condições de fazer agricultura e proteger o ambiente, de produzir e conservar. Estamos no padrão de países desenvolvidos."
A ministra Izabella destacou, ainda, que o Brasil já atingiu 76% da sua meta voluntária de redução do desmatamento. Em 2009, durante a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, na Dinamarca, a chamada COP 15, o governo brasileiro assumiu o compromisso de baixar o desmatamento para uma área de 3.907 quilômetros quadrados até 2020, 80% menor do que a taxa média computada entre 1996 e 2005 (19.625 quilômetros quadrados). A redução significa 62% da meta de redução dos gases responsáveis pelo efeito estufa (GEE) .
Aumento nos últimos meses
A ONG Imazon detectou aumento de 91% no desmatamento da Amazônia entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013 comparado ao mesmo período de 2011. Houve redução de 1.351 quilômetros quadrados de área verde nesse último semestre, que corresponde aos primeiros meses com o novo Código Florestal, apontam os monitoramentos independentes feitos na Amazônia Legal.
O Google chegou a destacar, com uma nova ferramenta, o encolhimento da floresta nas últimas décadas, entre 1984 e 2012. Aproveitando as imagens do satélite Landsat, que registra a superfície da Terra desde 1972, o site destaca a perda de vegetação no Estado de Rondônia e ressalta que o avanço da agricultura e da criação de gado prejudicam a preservação da floresta.
Além disso, entidades ambientais reclamam que o primeiro ano do Código Florestal Brasileiro avançou pouco fora do papel, abrindo espaço para a insegurança jurídica no campo. De acordo com a WWF-Brasil, sete em cada dez terrenos rurais do Brasil possuem algum tipo de pendência ambiental, o que pode prejudicar a qualidade dos registros no CAR (Cadastro Ambiental Rural), sancionado em outubro do ano passado.
Em meio ao otimismo que marcou a reunião do Fórum, que coincide com a comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, o secretário executivo do grupo, Luiz Pinguelli Rosa, alertou que, "a partir de agora, o Brasil enfrentará dificuldade crescente para manter a taxa de redução elevada".
Diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Pinguelli destacou que será preciso ampliar os focos de ação para manter o ritmo de avanço registrado pelo país. "É preciso monitorar outros biomas, além das florestas, como o Cerrado", sugeriu.
Ele também destacou que o país tem a vantagem energética com relação à sustentabilidade, porque, pelo menos 45% da matriz brasileira é composta por fontes renováveis de energia, como as hidrelétricas.
"Mas temos alguns problemas: o etanol chegou a superar a gasolina no período de estímulo às vendas de carros flex, mas recuou. Temos uma forte entrada de [energia] eólica e hidrelétricas, mas as hidrelétricas ainda precisam ser complementadas por termelétricas [fonte que emite mais GEEs e produz energia mais cara]."
Pinguelli Rosa defendeu maiores investimentos em tecnologia e inovação no país. Segundo ele, a prioridade para essas áreas e a desburocratização das relações entre empresas e universidades federais brasileiras podem evitar ameaças aos avanços que o país vem registrando na luta contra o desmatamento e pela redução da emissões de gases nocivos. (Com informações da Agência Brasil)
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