Trump anuncia saída dos EUA do Acordo de Paris em prol da economia
O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta (1°) a saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris, compromisso assinado firmado por 195 países em 2015. Com a saída, os norte-americanos aprofundam o atrito com seus aliados do Ocidente e se juntam à Síria e à Nicarágua como os únicos países fora do Acordo.
"Para cumprir o meu dever solene de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão se retirar do acordo climático de Paris", disse Trump em um discurso que começou reafirmando seu compromisso de campanha de "tornar a América grande novamente".
O tratado, que visa limitar o aumento da temperatura mundial, traz metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Citando o desemprego nos Estados Unidos e a criação de vagas em outros países, o presidente norte-americano afirmou que a decisão era de colocar seu país em primeiro lugar e não aceitar os termos da negociação internacional.
"O Acordo de Paris é mais um exemplo de Washington entrando em um acordo que é desvantajoso para os norte-americanos", afirmou Trump, ao justificar a saída dos Estados Unidos. Segundo ele, a economia do país sofreria perdas de receitas e empregos caso o país permanecesse no acordo.
Trump disse que os EUA estão saindo do acordo, mas que irão "começar a negociar um acordo justo". Para ele, o Acordo de Paris era desvantajoso para os norte-americanos pelas metas ousadas que o país deveria cumprir.
"Não queremos mais outros líderes e outros países rindo de nós. Fui eleito para representar os interesses dos americanos, não dos moradores de Paris", afirmou o presidente dos Estados Unidos, durante o anúncio.
O alcance desta decisão vai além da questão climática: dá uma indicação sobre o lugar que os Estados Unidos governado por Donald Trump aspira a ocupar na arena internacional nos próximos anos.
O ex-presidente Barack Obama, que foi um dos fiadores do acordo firmado em 2015, em declaração à AFP realizada logo após o anúncio de Trump, disse que a atual administração se une "a um pequeno grupo de nações que rejeitam o futuro", citando os outros dois únicos países que não haviam aderido ao acordo (Síria e Nicarágua).
Os EUA vão seguir a regra que estabelece quatro anos como período de transição para a saída do acordo. Isso significa que os EUA sairão do Acordo em 4 de novembro de 2020.
Promessa de campanha
Durante a campanha presidencial de 2016, Trump repudiou o acordo, afirmando que ele custaria trilhões de dólares para o país sem que houvesse benefícios para o país. Trump prometeu, à época, "cancelar" o acordo de Paris como parte de um esforço para fortalecer as indústrias norte-americanas de petróleo e carvão.
Recentemente, durante o encontro da cúpula do G7, realizado na Sicília (Itália), todos os participantes, com exceção dos EUA, reafirmaram seu compromisso com o Acordo de Paris. A ministra canadense do Meio Ambiente, Catherine McKenna, pediu ao governo americano que não abandone o Acordo de Paris.
China e União Europeia defendem o acordo
Diante do iminente anúncio de Trump, a China e a União Europeia fizeram na manhã desta quinta uma efusiva defesa do acordo. "A China seguirá implementando as promessas que fez durante o Acordo de Paris", disse o primeiro-ministro chinês Li Keqiang em Berlim, após um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel. "Mas, certamente, esperamos contar com a cooperação dos demais", completou.
Após o anúncio de Trump, Emmanuel Macron, presidente da França, publicou em suas redes sociais: "Vamos fazer nosso planeta grande novamente", em referência crítica ao bordão do norte-americano.
Pequim foi, ao lado da administração americana presidida na época por Barack Obama, um dos principais artífices do acordo histórico de dezembro de 2015.
A Rússia, um dos maiores emissores de gases poluentes e signatária do pacto, por sua vez, afirmou que a ausência de "atores essenciais" poderia complicar sua aplicação. "A aplicação desta convenção na ausência de atores essenciais será mais complicada, mas por enquanto não há alternativa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Os representantes da União Europeia adotaram um tom menos diplomático. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, considerou inaceitável uma possível retirada de Washington.
"Sou partidário da relação transatlântica, mas se o presidente americano anunciar nas próximas horas que quer sair do Acordo de Paris, o dever da Europa será dizer: isto não é correto", declarou na quarta-feira.
(Com agências de notícias)
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