Insolação é mais importante do que chuva na produção de folhas na Amazônia
Ao contrário do que acontece nas florestas temperadas, que passam a produzir folhas mais verdes no período das chuvas, a folhagem da Amazônia se favorece bem mais com o aumento da radiação solar. Foi o que comprovou um estudo de pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) publicado na revista científica Plos One.
Por muitas décadas acreditou-se que a produção de novas folhas na Amazônia seguia o padrão das florestas temperadas --aquelas localizadas nas regiões de clima temperado--, que apresentam um decréscimo da fotossíntese na estação seca.
Em colaboração com cientistas da França, Camarões, Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos, os pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) analisaram imagens feitas por satélite e de dados de campo para comprovar que na maior parte da Amazônia é o aumento da radiação solar – e não a falta ou fartura de água – o fator determinante para o verdejamento da floresta.
"Enquanto os ciclos tropicais são geralmente definidos em termos das estações seca e úmida, conseguimos demonstrar que a variação sazonal na produção visível de folhas é, em grande medida, desencadeada pelo aumento da insolação. Identificamos isso em 70,4% da área estudada", disse Fabien Hubert Wagner, um dos principais autores do estudo.
A pesquisa envolveu os Estados do Amazonas, Roraima e Amapá, a parte oeste do Pará, a porção norte da Amazônia peruana, as Amazônias equatoriana, colombiana e venezuelana, Guiana, Guiana Francesa e Suriname
"Nossa hipótese atual para explicar tal fenômeno é que na maior parte da Amazônia as plantas nunca sofrem de estresse hídrico, pois sempre existe água suficiente, mesmo na estação seca. Logo, na ausência da limitação de água, é o aumento da insolação o fator determinante para o crescimento das folhas", explicou Wagner.
Em compensação, o estudo também apontou que em 29,6% da área analisada é o regime de chuvas que determina a produção de uma nova geração de folhas pelas árvores da floresta. Ou seja, na estação seca as plantas sofrem com o estresse hídrico e param de produzir novas folhas, o que só voltam a fazer com a chegada da estação úmida.
Aí se incluem a porção sul da Amazônia peruana, o norte da Bolívia, os Estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, além da porção centro-leste do Pará.
Os resultados foram obtidos a partir do cruzamento dos dados mensais de insolação e de precipitação da Amazônia com a expansão ou a retração da mancha verde da floresta observada do espaço a partir de dois satélites de sensoriamento remoto da Nasa, que orbitam o planeta a 705 quilômetros de altitude.
Segundo Luiz Eduardo Aragão, que também participou do estudo, o valor da pesquisa é muito maior do que apenas o de estabelecer uma relação estatística entre os efeitos da insolação e da chuva no verdejamento da Amazônia. "Permite identificar de que forma o bioma amazônico está reagindo às variações climáticas globais. Os próximos passos incluem tentar replicar esta modelagem para outras áreas de vegetação tropical", disse. (*Com Agência Fapesp)
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