Topo

Encontrado no interior de SP, 'besouro escorpião' pica e é venenoso

O besouro-escorpião é o único da espécie que pode picar - Arquivo pessoal/Antonio Sforcin
O besouro-escorpião é o único da espécie que pode picar Imagem: Arquivo pessoal/Antonio Sforcin

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

02/04/2019 04h01Atualizada em 02/04/2019 11h53

Apesar do tamanho, os besouros são considerados insetos inofensivos. Mas um "primo" pode mudar a reputação da família: o Onychocerus albitarsis, já registrado no Peru, foi encontrado pela primeira vez no Brasil. Com ferrões na cabeça, o inseto produz picadas venenosas.

A espécie vem sendo chamada de "besouro escorpião" pela comunidade acadêmica e foi identificada nas cidades de Botucatu e Boituva, no interior de São Paulo, pelo zoólogo Antonio Sforcin Amaral, da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

A picada mata?

Segundo o zoólogo, a picada não é letal, mas causa uma dor bem aguda no local, vermelhidão e coceira. Ainda não se sabe ao certo a potência do veneno.

O pesquisador afirma que já havia um registro de picada do besouro escorpião no Peru. No Brasil, foram dois casos, com um homem e uma mulher, na faixa dos trinta anos de idade. "Houve três casos relatados de picadas desse inseto e nenhum deles há relação com morte", diz o pesquisador.

Os registros foram feitos em áreas rurais.

Ele diz que os sintomas duraram cerca de 24 horas na mulher que foi atingida. No homem, desapareceram na hora. "Ainda é necessário mais estudos sobre a composição da toxina e o efeito dela no corpo humano", afirma.

Besouro-escorpião - Arquivo pessoal/Antonio Sforcin - Arquivo pessoal/Antonio Sforcin
O besouro tem ferrões em suas antenas para se proteger
Imagem: Arquivo pessoal/Antonio Sforcin

Único besouro que pode inocular toxinas

Sforcin afirma que, além o fato de o besouro escorpião picar, o ferrão na antena também causa estranheza. Segundo o zoólogo, não é comum ver insetos utilizando as antenas para proteção.

"Trata-se do único besouro capaz de inocular toxinas no mundo, e entender o processo evolutivo por trás desse fato é importante para estudos de diversas áreas da ciência", afirma Sforcin.

O inseto tem cerca de dois centímetros de comprimento e é caracterizado pelo corpo com as cores branca, cinza, marrom e preta.