Após congelar doações, ministra alemã defende rever também o Fundo Amazônia
Após anunciar o congelamento de doações de 35 milhões de euros (R$ 155 mi) para proteção ambiental no Brasil, a ministra alemã do meio ambiente, Svenja Schulze, defendeu hoje reavaliar também os repasses alemães para o Fundo Amazônia.
"Da perspectiva do Ministério Federal do Meio Ambiente, a participação da Alemanha no Fundo Amazônia também precisa ser revista", afirmou ao UOL nesta tarde um porta-voz da ministra.
Criado em 2008 sob o governo Lula, o fundo já trouxe ao Brasil R$ 3,4 bilhões. A Noruega é responsável por 93,8% dos valores, a Alemanha aportou 5,7%, e a Petrobras 0,5%.
"Uma decisão sobre como proceder deverá ser coordenada com os outros doadores, de acordo com o ponto de vista do Ministério do Meio Ambiente. Já estamos falando sobre isso", afirma a pasta.
Ontem, ao responder a jornalistas sobre a suspensão dos repasses alemães, Bolsonaro disse que "o Brasil não precisa disso".
"Ela [Alemanha] não vai mais comprar a Amazônia, vai deixar de comprar a prestações a Amazônia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", afirmou o presidente no domingo.
Na Alemanha, Schulze afirmou à agência alemã Deutsche Welle que a reação de Bolsonaro "mostra que estamos fazendo exatamente a coisa certa [ao suspender os repasses]".
"Apoiamos a região amazônica para que haja muito menos desmatamento. Se o presidente não quer isso no momento, então precisamos conversar. Eu não posso simplesmente ficar dando dinheiro enquanto continuam desmatando", afirmou a ministra à Deutsche Welle.
Preocupação com o Brasil
Em resposta a questionamentos feitos pelo UOL, a pasta de Schulze também afirmou que "a ministra está preocupada com os atuais acontecimentos no Brasil".
"O aumento do desmatamento não é apenas um problema para o clima global. A agricultura do Brasil também sai prejudicada, já que o desmatamento também destrói a biodiversidade, os recursos naturais e a abundância de água".
As preocupações com a política ambiental brasileira podem minar o tratado de livre comércio entre Brasil e Mercosul, cujo avanço foi comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) há 45 dias.
"O compromisso [com os objetivos da mudança climática] está confirmado no texto do acordo entre Mercosul e União Europeia", diz a pasta.
"Novos incentivos ao desmatamento na América do Sul não devem existir. Vamos comunicar esses requisitos ao Brasil", afirma o porta-voz de Schulze.
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