Topo

Governo faz campanha no Brasil e no exterior para defender soberania na Amazônia

As queimadas na Amazônia brasileira provocaram debate internacional sobre a preservação da floresta - Felipe Werneck/Ibama
As queimadas na Amazônia brasileira provocaram debate internacional sobre a preservação da floresta Imagem: Felipe Werneck/Ibama

Lisandra Paraguassu

Em Brasília

05/09/2019 10h17

O governo federal põe no ar nesta quinta-feira uma campanha publicitária internacional para se defender das críticas geradas pelo aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, reforçando o tom de "soberania nacional" na região.

Com um investimento de 3 milhões de reais, o material —um vídeo e uma peça para jornais e revistas — será veiculado nas quatro principais emissoras de TV aberta no país, com exceção da Globo, e nos três canais a cabo de notícias.

O maior investimento, no entanto, será feito no exterior, em três redes de tevê americanas, incluindo a CNN, e 10 jornais, inclusive o francês Le Monde, o norte-americano New York Times e o inglês The Guardian.

"O governo federal reafirma de forma soberana suas ações de proteção, desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia", diz o texto inicial do vídeo de 30 segundos, na campanha, batizada de Amazônia pelo Brasil.

O texto diz ainda que o governo brasileiro está tomando medidas para conter o desmatamento e práticas ilegais na região para preservar o meio ambiente e destaca que 84% da Amazônia e 60% do território brasileiro mantém sua cobertura original --um dado que é sempre usado pelo presidente Jair Bolsonaro para criticar o que chama de "amarras" que impedem o desenvolvimento do país.

A campanha ainda destaca a matriz energética brasileira como uma das mais limpas do mundo e a lei ambiental brasileira e um código florestal que "serve de exemplo" para outros países.

O governo federal, no entanto, negocia com o Congresso o apoio a um projeto de lei que altera parte do código florestal, liberando proprietários rurais de recuperar parte de áreas de preservação permanente ou reservas legais de suas propriedades desmatadas e permitindo o acesso a crédito mesmo sem essa recuperação. O projeto, apresentado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), recupera parte de uma medida provisória que incluía outras alterações e perdeu a validade.

A campanha de mídia vem na esteira de outras tentativas do governo de reparar o estrago na imagem brasileira causada pelas informações de aumento de desmatamento e de queimadas na Amazônia, que ecoaram principalmente no exterior. Como mostrou a Reuters, o governo fez uma ofensiva diplomática, fornecendo dados e números para que diplomatas brasileiros defendessem o país no exterior.

O aumento no desmatamento, registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos meses de junho e julho, e as queimadas, que tiveram um salto este ano, colocaram o país na mira internacional. Para além das críticas generalizadas, empresas começaram a suspender ou analisar a suspensão de compra de produtos brasileiros.

A situação preocupou o agronegócio nacional, que teme a perda dos mercados internacionais. A própria Frente Parlamentar da Agropecuária, apoiadora de Bolsonaro, cobrou do governo uma ação mais enfática.

(Edição de Eduardo Simões)