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18 cágados são encontrados mortos em lagoa de Jequiá da Praia, em Alagoas

Animais foram encontrados mortos na lagoa de Jequiá da Praia - Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Jequiá da Praia
Animais foram encontrados mortos na lagoa de Jequiá da Praia Imagem: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Jequiá da Praia

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

01/11/2019 10h27

Dezoito cágados foram encontrados mortos boiando na lagoa de Jequiá da Praia, no litoral sul de Alagoas. Os animais foram localizados por pescadores, na manhã de ontem, em um trecho da lagoa no povoado de Alagoinha. Os cágados mortos foram recolhidos pelo Instituto Biota e pela Polícia Federal.

A mortandade dos animais é incomum, segundo a Semmarh (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Jequiá da Praia), mas não se pode afirmar que está relacionada à poluição causada pelo derramamento de óleo que vem atingido o litoral do Nordeste há dois meses. A Ufal (Universidade Federal de Alagoas) está fazendo análise da água do local.

O derramamento de óleo nas praias nordestinas é considerado o maior acidente ambiental do país, pela duração, pela extensão e pelo ineditismo do problema. O óleo atingiu a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, maior unidade de conservação marinha do Brasil, que fica localizada entre Pernambuco e Alagoas.

Segundo relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgado na quarta-feira (30), já são 109 animais oleados, sendo 81 mortos. No Rio Grande do Norte, há 25 filhotes de tartarugas marinhas retidas no projeto Cetáceos da Costa Branca para evitar que eles tenham contato com o óleo no mar. Dados do Ibama de ontem apontam também que já são 286 áreas afetadas pelo derramamento de óleo, em 98 municípios dos nove estados do Nordeste.

Dois cágados foram recolhidos pela Polícia Federal para serem necropsiados por veterinários em Brasília. Outro será analisado por professores do curso de medicina veterinária da Ufal, em Viçosa. As demais carcaças serão descartadas em um local apropriado do campus da Ufal.

"Quando soubemos da mortandade acionamos os parceiros e o Biota foi junto com a Polícia Federal, que já estava na área, para recolher os animais. A Ufal está fazendo análise da água e pegou um exemplar para também realizar necropsia", informou a chefe da Resex Marinha da Lagoa do Jequiá, Diana de Alencar Meneses.

Peixes e golfinhos mortos

No dia 22 de setembro, peixes apareceram mortos em um trecho da praia de Lagoa Azeda, em Jequiá da Praia. Amostras foram coletadas por monitores Semmarh para análise. O material foi enviado para Maceió. A mortandade dos peixes é investigada se tem relação com a contaminação da área, que foi oleada há 15 dias.

Golfinhos apareceram mortos em três praias de Maceió e uma de Marechal Deodoro - Divulgação/ Instituto Biota - Divulgação/ Instituto Biota
Golfinhos apareceram mortos em três praias de Maceió e uma de Marechal Deodoro
Imagem: Divulgação/ Instituto Biota

Esta semana, quatro golfinhos apareceram mortos em três praias de Maceió e uma de Marechal Deodoro, na região metropolitana. Dois golfinhos foram levados pela Polícia Federal para serem necropsiados em Brasília. Os outros dois estão na Ufal, em Viçosa, para tentar identificar a causa da morte deles.

Na última segunda-feira (28), um golfinho da espécie Stenella clymene (golfinho de Climene), encalhou na praia de Cruz das Almas, e durante o resgate o animal veio a óbito. Na terça-feira (29), dois golfinhos da espécie Sotalia guianensis (boto cinza) apareceram mortos no porto de Maceió e na praia de Garça Torta. Na quarta-feira, um quarto golfinho, da espécie Sotalia guianensis, foi encontrado morto na praia do Francês, em Marechal Deodoro. O golfinho encontrado na praia do Francês era uma fêmea e estava grávida, com filhote próximo a nascer.

Quantidade de animais mortos é incomum

O Instituto Biota informou que nenhum dos golfinhos tinha sinais externos de interação com óleo, mas que a quantidade de animais mortos é incomum. "Ainda não temos uma explicação para esses quatro golfinhos encalhados. O que podemos afirmar é que externamente e na cavidade oral não havia indícios de interação com óleo em nenhum dos animais. Pelo histórico que temos em nosso tempo de atuação, é incomum o aparecimento dos quatro golfinhos nesse um curto espaço de tempo", explica a bióloga Waltyane Bonfim, coordenadora de pesquisa do Biota.

Segundo o Biota, as duas espécies de golfinhos encalhados esta semana têm hábitos costeiros, e o boto cinza é a espécie mais comum e a que mais encalha no litoral de Alagoas. "Justamente porque, devido ao seu hábito costeiro, ele fica mais suscetível à interação antrópica (poluição, pesca, embarcações)", explica a bióloga, destacando que a "mortalidade deles pode estar relacionada a outros fatores, como alguma patologia entre os próprios animais".