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Governo acha peixe contaminado em área de óleo, mas não vê risco à saúde

Pescadores catam sardinhas na praia da Espera em Itacimirim, na Bahia - Raul Spinassé/Folhapress
Pescadores catam sardinhas na praia da Espera em Itacimirim, na Bahia Imagem: Raul Spinassé/Folhapress

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

29/11/2019 17h14Atualizada em 29/11/2019 17h16

O Ministério da Agricultura identificou dois tipos de peixes com níveis de benzo(a)pireno acima do valor considerado normal pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em estados do Nordeste cuja costa sofre há três meses com o aparecimento de manchas de óleo de origem ainda não identificada.

O benzo(a)pireno é um composto de potencial cancerígeno e pode acabar sendo ingerido pelo corpo humano por meio da poluição do ar, de carnes assadas na brasa e do alcatrão do cigarro, por exemplo.

A pasta informou, porém, que não há risco à saúde de acordo com o nível dos valores encontrados. Segundo o ministério, seria preciso que uma pessoa consumisse os peixes todos os dias ao longo de cinco anos seguidos para que fizesse mal à saúde.

O valor de referência para situação de alerta da Anvisa, segundo o Ministério da Agricultura, é de 6 microgramas por quilograma. No atum foram identificados 9,51 microgramas por kg enquanto no budião, peixe que se alimenta de recifes de corais, 7,95 microgramas por kg.

A coleta dos peixes foi feita entre os dias 6 e 8 de novembro. A pasta Agricultura não informou o estado em que os peixes com valores alterados foram capturados, segundo o governo, para não estigmatizar e prejudicar as vendas dos pescadores locais.

Esta é a primeira vez que foram identificados níveis acima de referência para hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), classe de substâncias químicas ao qual o benzo(a)pireno pertence.

Agora, o governo vai acompanhar os índices para verificar se há uma tendência maior de contaminação ou se foram caso pontuais.

Já foram testadas 68 amostras de peixes, camarões e lagostas de estabelecimentos com selo do Serviço de Inspeção Federal.

Mais de 740 localidades atingidas

As primeiras manchas de óleo foram localizadas no litoral da Paraíba no dia 30 de agosto e, segundo levantamento do Ibama, desde então, o óleo atingiu mais de 740 localidades.

A região Nordeste foi a mais prejudicada. Ao menos 117 municípios do Nordeste e do Espírito Santo foram afetados por fragmentos ou manchas de petróleo cru.