Mourão atribui a opositor divulgação de dados ruins de queimadas do Inpe que são públicos
O vice-presidente Hamilton Mourão creditou a um suposto funcionário do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), opositor ao governo, a divulgação de dados sobre queimadas no país negativos para o governo.
"Eu recebo o relatório toda semana. Até dia 31 de agosto, nós tínhamos 5 mil focos de calor a menos do que 31 de agosto do ano passado, entre janeiro a agosto. Agora, o Inpe não divulga isso. Por quê? Não é o Inpe que está divulgando, é o doutor Darcton (Policarpo Damião) lá, que é o diretor do Inpe, que falou isso? Não. É alguém lá de dentro que faz oposição ao governo. Eu estou deixando muito claro isso aqui. Aí, quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga", disse o vice-presidente, que também é coordenador do Conselho da Amazônia.
Os dados sobre queimadas no país, na verdade, são públicos e estão disponíveis em uma página especial do Inpe na Internet, aberta ao público em geral.
Os números também são alimentados diariamente e relatórios automáticos são gerados mostrando os focos em todos os biomas do país, o crescimento nos últimos cinco dias e a comparação com o mesmo período do ano anterior. É possível ter dados nacionais, por Estado, por bioma e também os municípios com maior número de focos de incêndio.
Os dados do Inpe nesse momento mostram 133.974 focos de incêndio acumulados em todo país entre 1º de janeiro e 14 de setembro, um aumento de 13% em relação ao ano passado. No bioma Amazônia estão, ainda segundo o boletim do Inpe, 64.498 desses pontos de queimadas.
Os dados mostram, ainda, uma aceleração nas queimadas na região neste mês de setembro. Até 14 de setembro de 2019, o Inpe aponta que haviam 11.003 focos acumulados na Amazônia. Este ano, nos mesmos 14 primeiros dias do mês, já são 20.485, um aumento de 86%.
De fato, o mês de agosto, ainda pelos dados do Inpe, havia encerrado com a Amazônia com menos focos de incêndio que ano passado —44.013 contra 46.824 em 2019. A aceleração em setembro, no entanto, reverteu essa tendência.
O crescimento das queimadas na região acontece apesar da operação da Garantia da Lei e da Ordem que está na Amazônia desde maio e era a aposta de Mourão para reduzir o desmatamento e os incêndios ilegais.
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