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Chuvas dão respiro e reduzem poluição do ar em cidades em Mato Grosso

Mayke Toscano/Secom-MT
Imagem: Mayke Toscano/Secom-MT

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

24/09/2020 04h02

As chuvas que começaram a cair esta semana reduziram os incêndios e ajudaram a minimizar a poluição do ar em cidades do Mato Grosso, aponta nova medição de CO (monóxido de carbono) feita pelo Lapis (Laboratório de Análise e Processamentos de Imagens de Satélite), ligado à UFAL (Universidade Federal de Alagoas), com dados de satélite da NASA (agência espacial norte-americana).

Na semana passada, o UOL revelou como as queimadas causaram uma intensa poluição na região, alcançando índices superiores a 3.300% acima do máximo tolerável em algumas cidades do estado e de Rondônia e Acre.

"As condições meteorológicas melhoraram e acredito que até o fim do mês melhore um pouco mais. O problema é outubro, que está com cara parecida com setembro. Ainda existe perigo meteorológico, com as altas temperaturas e o vento; a vegetação seca propícia para incêndios florestais", alerta Humberto Barbosa, coordenador do Lapis.

Segundo o novo mapa de poluição do ar, na terça-feira (22), a cidade de Guatá (MT) registrou uma redução de de CO de 1.730 ppm (partes por milhão) para 562 ppm. O máximo aceitável de CO na atmosfera é de 50 partes por milhão

Sinop (MT) também passou a respirar um ar menos poluído, com queda de índice de 1.335 ppm para 302 ppm. Já Cuiabá —que na semana passada foi coberta por fumaça)— teve queda no índice de mais de 50%: de 738 ppm para 315 ppm.

Estados do Norte, como Rondônia e Acre, porém, seguem com taxas elevadas de poluição. Em Porto Velho, por exemplo, na terça-feira a poluição alcançou 549 ppm.

2020 detém recorde de queimadas e Pantanal tem maior seca em 60 anos

Taxas acima de 50 ppm, a depender do tempo de exposição e problemas de saúde pré-existentes em uma pessoa, podem acarretar problemas respiratórios graves e até a morte.

O Mato Grosso é o único estado do país que tem três biomas em seu território: Cerrado, Amazônia e Pantanal. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) até o dia 19 mostram que 15.756 focos de calor foram registrados no Pantanal, neste ano. Em 2005, ano que detinha o recorde até então, foram 12.536 focos.

O climatologista e meteorologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento, do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), explica que o Pantanal passa pela maior seca dos últimos 60 anos, o que agrava o problema das queimadas.

Ele afirma que as chuvas que caíram nesses últimos dias não são suficiente para dar fim ao problema da seca, nem como eleva o baixo nível dos rios. "Teria de haver uma chuva muito intensa. O problema é que, se não chove no verão anterior, como foi esse ano, o nível dos rios fica mais baixo, e somado a uma temperatura do ar mais alta, a condição de estiagem passa a ter características de seca."