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Ex-diretor do Inpe critica projeto do governo de monitoramento de queimadas

O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Ricardo Galvão - Lucas Lacaz/Estadão Conteúdo
O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Ricardo Galvão Imagem: Lucas Lacaz/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/09/2020 15h31

O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas) Ricardo Galvão criticou um projeto do governo Bolsonaro para a criação de uma agência de monitoramento do desmatamento da Amazônia, liderada por militares.

Em entrevista hoje para a Globo News, Galvão afirmou que a agência seria criada para "concentrar todos os dados de queimadas sob o controle do governo". Recentemente, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que existiam "opositores" no Inpe e sugeriu a criação de uma agência militar para "centralizar" as informações, seguindo um modelo norte-americano.

"[Uma agência dominada por militares] Não faz o menor sentido. Esse governo, além do obscurantismo, é caracterizado por uma ignorância autoritária. Não está preocupado com o que o mundo diz, está preocupado no que diz aos seus seguidores. Não haveria a menor possibilidade [do governo brasileiro] esconder dados de desmatamento caso outros países queiram saber".

Além do Inpe, existem outros satélites que monitoram queimadas nos biomas brasileiros, como os da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos. De acordo com Galvão, a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência enviaram uma carta a Mourão contra a estratégia de "colocar o Inpe sob domínio militar".

Divulgação de dados falsos

No sábado (26), um perfil oficial do governo divulgou informações incorretas sobre as queimadas no Pantanal, Amazônia e outros biomas brasileiros.

"Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do Inpe revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas", publicou a Secom.

Os dados, entretanto, comparam períodos diferentes e, por isso, demonstram que 2020 contabiliza menos focos de incêndio que anos anteriores. Para Ricardo Galvão, "nenhum órgão do governo deveria fazer nenhuma interpretação [de dados]. Pede um informe ao Inpe e ponto final".

Ele completou dizendo que: "Duvidar dos dados do Inpe é muito triste para a sociedade brasileira e denigre o governo".