Agência sugerida por Mourão "teria missão de calar o Inpe", diz ex-diretor
O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas) Gilberto Câmara criticou a sugestão do vice-presidente, Hamilton Mourão, de que o monitoramento do desmatamento na Amazônia seja feito por militares e a tentativa do Ministério da Defesa de comprar um novo satélite para fazer a fiscalização. Para ele, seria uma forma de "calar o Inpe".
"O satélite que a Defesa pretende comprar não tem capacidade de monitorar florestas, visto que foi feito para mapear gelo no Ártico. A agência que o governo disse ter interesse em criar não teria a missão de prover informações confiáveis, mas sim de calar o Inpe", afirmou Câmara em entrevista ao jornal O Globo.
Na semana passada, Mourão comentou a possível existência de "opositores" no Inpe e sugeriu a criação de uma agência militar para "centralizar" as informações sobre desmatamento, seguindo o modelo norte-americano.
"É uma questão de formação. Eu não entendo de tanques e o general Mourão não entende de satélites", completou.
Para o ex-diretor do Inpe, o atual governo vem criticando o Inpe porque está "sendo incapaz de cumprir sua função que é combater as atividades ilegais que geram desmatamento e queimadas".
"Sem poder mostrar resultados, o governo optou por atacar o Inpe, que vem cumprindo sua missão de informar à sociedade com competência", afirmou.
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