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Libélulas estão perdendo cores devido ao aquecimento global, diz estudo

Padrões escuros desenhados nas asas dos machos são traços necessários para o acasalamento - Reprodução / Aida Dresseno / Wikipedia
Padrões escuros desenhados nas asas dos machos são traços necessários para o acasalamento Imagem: Reprodução / Aida Dresseno / Wikipedia

Colaboração para o UOL, em Santos

08/07/2021 12h55

À medida em que o planeta aquece, um estudo descobriu que machos de libélulas estão perdendo uma característica crucial que normalmente usam para atrair parceiras: os padrões pretos ornamentados em suas asas.

A nova pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, descobriu que os machos das libélulas estão tendo que se adaptar a um clima mais quente, eliminando mais de seus padrões de asas mais escuras.

Os pesquisadores temem que as fêmeas da espécie não reconheçam mais seus parceiros, pois eles estão deixando de exibir seus intrincados padrões de asas e, portanto, podem não ser capazes de se reproduzir enquanto as temperaturas aumentam.

"Nossa pesquisa mostra que os machos e as fêmeas dessas espécies de libélulas vão mudar de maneiras muito diferentes com as mudanças climáticas", declarou à CNN Michael Moore, principal autor do estudo e biólogo evolucionista da Universidade de Washington em St. Louis.

"Essas mudanças provavelmente acontecerão em uma escala de tempo muito mais rápida do que as mudanças evolutivas nessas espécies já ocorreram antes."

Moore e seus colegas analisaram um banco de dados com mais de 300 espécies de libélulas nos EUA, Canadá e norte do México, e cruzaram as cores das asas de cerca de 2.700 libélulas individuais de diferentes espécies em diferentes locais e clima.

De acordo com um estudo de coautoria de Moore de 2019, machos de libélulas com padrões de asas mais escuras prosperam em condições mais frias, enquanto as condições mais quentes reduzem drasticamente seu desempenho.

O último estudo destaca que os machos da espécie se adaptaram a temperaturas mais altas, desenvolvendo menos melanina em seus padrões de asas.

"As mudanças evolutivas e a coloração das asas são uma maneira realmente consistente de as libélulas se adaptarem a seus climas", disse Moore. "Isso nos fez questionar qual poderia ser o papel das mudanças evolutivas na coloração das asas quando as libélulas respondessem ao aumento das temperaturas globais."

Cor é traço crucial para acasalamento

Uma coloração mais escura das asas é um traço de acasalamento crucial para os machos das libélulas, atraindo as fêmeas. Mas assim como as estradas escuras absorvem o calor do sol, os pigmentos das asas escuras aumentam a temperatura corporal das libélulas em até 2º C, danificando o tecido das asas, superaquecendo-as e reduzindo suas habilidades de defesa.

Moore acrescenta que as políticas de gestão do clima e da terra não devem focar apenas em como as espécies sobreviverão, mas também como elas podem continuar a se acasalar e se reproduzir para criar uma população duradoura conforme as mudanças climáticas mudam habitats e ecossistemas.

"O que nossa pesquisa mostra é que, ao fazermos essas recomendações às pessoas que trabalham com políticas e gestão de terras", disse ele, "precisamos nos certificar de que eles entendam que esses organismos também precisam se reproduzir e não apenas sobreviver."