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Brasil anuncia meta de reduzir emissões de gases pela metade até 2030

Do UOL, em São Paulo

01/11/2021 11h36Atualizada em 01/11/2021 15h12

O Brasil anunciou hoje que pretende reduzir pela metade a emissão de gases de estufa até 2030. A nova meta foi anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em um pronunciamento feito em Brasília e transmitido no Pavilhão Brasil, instalado na COP26, 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Glasgow, na Escócia.

"Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% (na redução da emissão de gases estufa) para 50% até 2030 e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26", disse Leite, que vai para a conferência no dia 6.

O ministro completou dizendo que "as contribuições do Brasil para superar os desafios estão postas". "Não faltará empenho do governo federal para chegarmos num resultado positivo para o Brasil e o mundo".

Pouco antes do anúncio, um vídeo gravado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi exibido, no qual ele afirmou que os "bons resultados até 2020" permitiriam ao país apresentar metas climáticas "mais ambiciosas".

"Temos que agir com responsabilidade buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente. Vamos oferecer melhor qualidade de vida a todos os brasileiros. Assim vamos contribuir para melhorar a qualidade de vida em todo o planeta. Repito minha mensagem a todos que participam da COP26 e ao povo brasileiro. O Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados pelo nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos", declarou Bolsonaro.

Bolsonaro ficou de fora da lista de 117 chefes de Estado e autoridades que participam hoje a amanhã da primeira parte do encontro. O próprio presidente decidiu não ir à Convenção do Clima, argumentando que se tratava de uma "estratégia nossa".

Na contramão do mundo, Brasil teve alta na emissão de gases

Apesar de Bolsonaro falar em "bons resultados" do país até 2020, o relatório anual do Observatório do Clima indicou aumento de 9,6% em 2019, em relação a 2018, na emissão de gases poluentes. Em 2020, a emissão de gases de efeito estufa teve um aumento de 9,5%.

"No ano em que a pandemia da covid-19 parou a economia mundial e causou uma inédita redução de quase 7% nas emissões globais, o país foi na contramão do resto do mundo, tornando-se possivelmente o único grande emissor do planeta a verificar alta. O total de emissões brutas atingiu 2,16 bilhões de toneladas de CO² equivalente no ano passado, contra 1,97 bilhão de toneladas em 2019. O nível de emissões verificado em 2020 é o maior desde o ano de 2006", diz o relatório publicado este ano pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

CO² equivalente (CO²e) é a unidade de medida utilizada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) para agregar todos tipos de gases de efeito estufa.

Ainda segundo o relatório, o principal causa da elevação foi o desmatamento, em especial na Amazônia e no Cerrado.

"Os gases de efeito estufa lançados na atmosfera pelas mudanças do uso da terra aumentaram 23,6%, o que mais do que compensou a queda expressiva verificada no setor de energia, que na esteira da pandemia e da estagnação econômica viu suas emissões regressarem ao patamar de 2011", diz o documento.

O SEEG constatou ainda que as atividades rurais, como a agropecuária e mudanças no uso do solo foram responsáveis pela maior fatia das emissões de gases de efeito estufa do Brasil no período: 46% do total bruto, ou 998 milhões de toneladas de CO² equivalente.