Relator da ONU diz que degradação ambiental no Brasil é "extremamente grave"
Em uma entrevista concedida à Agência Efe na véspera do início da primeira cúpula do Acordo de Escazú.
Orellana afirmou que o retrocesso é, especialmente inquietante, pois "não afeta somente a Amazônia e o território brasileiro, mas porque tem implicações na mudança climática para a humanidade inteira".
Segundo o relator especial da ONU, a situação no Brasil é particularmente grave pelas políticas que incentivam a invasão dos territórios indígenas, em busca de extração dos recursos minerais, sem respeito a salvaguardas de proteção ambiental, além do desmatamento, da mineração ilegal, do uso de mercúrio.
A situação é considerada especialmente dramática por Orellana, "porque o Brasil era um dos países que estavam na vanguarda na América Latina, na proteção constitucional do meio ambiente e das populações indígenas".
"Um segundo elemento está na ciência, do que é a negação da mudança climática e da importância das ações para enfrentar a grave emergência que vive o planeta", explicou.
PANDEMIA E GUERRA COMO DESCULPAS.
Orellana, especialista em direito internacional e no direito relativo aos direitos humanos e meio ambiente, denunciou também a estratégia de desinformação e mentiras orquestrada por Bolsonaro, a quem acusou de usar a pandemia da covid-19 e a invasão russa à Ucrânia como desculpas para avançar em uma agenda política baseada na ganância e na negação da crise climática.
"O governo do presidente Bolsonaro, para tentar justificar as medidas agressivas em matéria de proteção ambiental e em matéria de direitos indígenas, argumentava que estas eram necessárias para enfrentar a pandemia da covid-19", disse.
"Agora, vemos que o mesmo governo tentar justificar a extração de minerais, a abertura de atividades de hidrocarbonetos, a indústria elétrica em territórios indígenas, na violação dos direitos estabelecidos na Constituição, sobre a base de supostas falhas no mercado de fertilizantes", afirmou.
Orellana, contudo, garantiu que "a evidência científica indica o contrário", e alertou que existe uma "campanha de desinformação que busca justificar as medidas retrógradas, com evidências que não existem". EFE
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