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Sexo dos escorpiões sem cauda rende prêmio IG Nobel a pesquisadores da USP

Pesquisadores da USP ganham IG Nobel por estudo sobre sexo entre escorpiões - Wikimedia Commons
Pesquisadores da USP ganham IG Nobel por estudo sobre sexo entre escorpiões Imagem: Wikimedia Commons

Nathalia Lino

Colaboração para o UOL

19/09/2022 15h14

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) foram os ganhadores na categoria de biologia do prêmio IG Nobel de 2022, que está em sua 32ª edição.

O prêmio avalia anualmente pesquisas inusitadas da ciência mundial e apesar de trazer humor nos temas abordados, também geram reflexões em suas 10 categorias do mundo científico.

Este ano, a premiação ocorreu na última quinta-feira (15) em um evento online e contemplou a dupla brasileira Solimary Garcia-Hernandez e Glauco Machado, ambos pesquisadores da USP, na categoria de biologia, com um estudo sobre os efeitos da constipação intestinal pela perda da cauda afeta o panorama de acasalamento entre os escorpiões.

O estudo analisou os escorpiões do gênero Ananteris, comuns na América do Sul, após perderem a cauda quando capturados. Apesar de não ser um evento raro, atinge em maiores proporções essa espécie.

Constipação e perda da cauda

Quando os escorpiões Ananteris perdem a cauda, eles também perdem o ferrão e parte dos órgãos, como o intestino, sem que eles possam ser regenerados.

Nesse processo, o escorpião também perde o ânus, fazendo com que eles não consigam mais defecar e acabam acumulando dejetos na cavidade abdominal.

A perda da cauda ocorre principalmente quando eles tentam escapar de predadores, após ejetarem suas próprias caudas. Os artrópodes também ficam mais lentos, tornando-os incapazes de capturar presas maiores.

Mas o problema também afeta a vida sexual dos escorpiões. De acordo com a pesquisa, os machos continuam aptos a procriar e as fêmeas a terem filhotes, mas em menor escala.

Brasil em outras edições do IG Nobel

E essa não é a primeira vez em que o Brasil participa e ganha uma das categorias do prêmio.

A primeira ocorreu em 2003, quando Astolfo G. Mello Araújo, também da USP, e José Carlos Marcelino, do Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo, ganharam o Prêmio IG Nobel de Arqueologia, com a pesquisa sobre o papel dos tatus no movimento dos materiais arqueológicos: uma abordagem experimental, publicado na revista Geoarchaeology, em abril do mesmo ano.

A dupla também foi contemplada em 2008 com um estudo sobre o papel dos tatus.

Em 2017, três brasileiros ganharam nas categorias de nutrição e biologia.

Em nutrição, Fernanda Ito e Rodrigo Torres foram premiados pelo primeiro registro científico de sangue humano na dieta de um morcego-vampiro de pernas peludas.

Em biologia, Rodrigo Ferreira ganhou por descobrir um pênis feminino e uma vagina masculina em um inseto que habita cavernas.

Já em 2020, Bolsonaro ganhou na categoria educação médica, por provar que pode ter um efeito mais imediato sobre a vida e a morte do que cientistas e médicos.

Em economia, cientistas do Brasil e de outros países tentaram quantificar a relação entre países desiguais e a taxa média de beijos na boca.

Humor com toque de realidade

Apesar do tom humorístico, a premiação IG Nobel tem por objetivo destacar pesquisas que façam pensar. Como recompensa, os premiados recebem 10 trilhões na moeda do Zimbábue —ou seja, um valor quase nulo quando convertidos para a nossa moeda.