Zoológico dos EUA utiliza esperma congelado para salvar cobra de extinção

Cientistas americanos conseguiram, pela primeira vez na história dos répteis, gerar filhotes da cobra pinheiro da Louisiana (Pituophis ruthveni) utilizando sêmen criopreservado e inseminação artificial. O Zoológico de Memphis, responsável pelo estudo, anunciou essa inovação.

A cobra-pinheiro da Louisiana é uma espécie rara da América do Norte que enfrenta o risco de desaparecer da natureza devido à perda de seu habitat natural.

Contornando a extinção

Para preservar a espécie, cientistas optaram por utilizar espermatozoides e óvulos criopreservados, com o objetivo de recuperar a população desses répteis. Esse método, mais comumente usado para mamíferos e aves, viabiliza a permanência da espécie a longo prazo, assegurando sua sobrevivência e diversidade genética.

A criopreservação é um processo de congelamento de material biológico, para que possam ser utilizados posteriormente. Esse material é armazenado em nitrogênio líquido a temperaturas extremamente baixas, o que mantém sua viabilidade por longos períodos.

Os cientistas Steve Reichling, Beth Roberts e Mark Sandfoss, do Zoológico de Memphis, foram os responsáveis pela fertilização e pelo nascimento dos filhotes. "O aparecimento desses três filhotes é o resultado de cinco anos de pesquisa reprodutiva e três décadas de aplicação de ciência avançada e dedicação do Zoológico de Memphis para evitar a extinção da cobra-pinheiro da Louisiana", afirmou Roberts, que é pesquisador sênior de reprodução do zoo, em nota.

"Essa realização nos aproximou ainda mais da integração da tecnologia de reprodução assistida na conservação de répteis, visando preservar a diversidade genética e salvar espécies", acrescentou.

Como foi gerada a prole da cobra

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Imagem: Zoológico de Memphis/ Divulgação

Os pesquisadores coletaram e congelaram o sêmen de um macho da cobra-pinheiro ameaçada. Depois, descongelaram e realizaram a inseminação em uma fêmea. Para descartar a possibilidade de partenogênese (reprodução assexuada), foram realizados testes genéticos que confirmaram a contribuição genética do macho na prole.

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Tonia Schwartz e a pós-graduanda Alexis Lindsey conduziram os testes genéticos. Ambas são da Universidade de Auburn, que colaborou com o Zoológico para integrar pesquisas reprodutivas e gerar a descendência dos répteis.

"Estamos orgulhosos de colaborar com o Zoológico de Memphis neste projeto, utilizando nossa expertise genética para validar a fertilização bem-sucedida com esperma criopreservado. Consideramos esse sucesso um grande avanço para futuros esforços de melhoria da saúde genética desta espécie e de outros répteis ameaçados", afirmou Schwartz, em nota.

Répteis estão sob ameaça

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Imagem: Zoológico de Memphis/ Divulgação

Um em cada cinco répteis no mundo está ameaçado de extinção, revelou em 2022 um estudo publicado na revista Nature, que se baseia na observação de 10.000 espécies de tartarugas, crocodilos, lagartixas ou serpentes.

O estudo publicado é uma avaliação global do risco de extinção dos répteis realizado durante "mais de 15 anos" e assinado por mais de 50 autores, explicaram três deles em uma coletiva de imprensa.

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Algumas regiões estão mais expostas do que outras, como o sudeste da Ásia, o oeste da África, o norte de Madagascar, o norte dos Andes, o Caribe. Também estão mais ameaçados os répteis que vivem em florestas, cerca de 30%, contra apenas 14% dos que vivem em zonas áridas.

"A perda do hábitat (...) continua sendo a principal ameaça", destaca Neil Cox, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), uma das principais ONGs neste campo. De todas as espécies estudadas, as tartarugas e os crocodilos são as mais afetadas, vítimas da superexploração e a caça.

*Com informações de reportagem publicada em 27/04/2022

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