Nova onda de calor na França terá picos acima de 40 °C e seca histórica, no ano mais quente desde 1900
Um novo episódio de fortes ondas de calor começa na França hoje e deve durar cerca de uma semana, com noites cada vez mais quentes, especialmente em áreas muito urbanas, segundo François Jobard, meteorologista do site Météo France. Mas não são apenas os parisienses e os parcos turistas desta estação pós-pandemia que se preparam para esta semana de intenso calor: devido às mudanças climáticas, a França vem sofrendo cada vez mais com a seca, que vem ameaçando a autonomia agrícola do país.
Segundo o meteorologista François Jobard, entrevistado pelo site France Info, a onda de calor pode variar dependendo da região. "Para os parâmetros franceses, entramos em uma onda de calor bastante significativa, pois durará cerca de uma semana, entre 6 e 8 dias. Em muitas cidades, excederemos os 35 graus por vários dias, o que não é tão frequente, especialmente na parte central da França", diz o especialista.
Ainda segundo Jobart, o fenômeno não é visto "desde 2003", quando a França sofreu uma onda de calor que deixou mais de 15 mil mortos. "Em áreas muito urbanas, teremos fenômenos de acumulação de calor, dando origem a noites cada vez mais quentes, com temperaturas mínimas altas, cada noite um pouco mais quente que a anterior, principalmente em zonas muito urbanas, teremos um forte cansaço que será sentido pelas pessoas", avisou.
Ano mais quente desde 1900
Outra particularidade é que 2020 será, segundo especialistas, o ano mais quente em mais de dois séculos, ou seja, desde 1900. A França sofreu este ano com uma seca meteorológica excepcional em julho: os índices nacionais indicam que, desde 1959, não havia um mês tão seco de julho no verão francês. Passagens chuvosas eram extremamente raras ou mesmo inexistentes no país, e tempestades se faziam raras.
"Em partes do norte e nordeste da França, a primavera também era particularmente seca. Tudo isso significa que chegamos, no início dessa onda de calor, com solos extremamente secos em alguns locais, perto de recordes baixos para o período", analisa Joubart a France Info.
Mudanças climáticas são "uma certeza"
Para Robert Vautard, diretor do Instituto de Ciências Pierre-Simon-Laplace para o clima, "as temperaturas mais altas aumentam há várias décadas e temos certeza de que é devido às mudanças climáticas", explicou ele nesta quinta-feira (6).
Segundo Vautard, o desafio hoje é tomar medidas para conseguir limitar o aquecimento global a longo prazo: "As ações que estamos tomando hoje para reduzir as mudanças climáticas terão um efeito muito claro além disso. a partir de 2050", analisa.
O especialista relata que temperaturas como 35 °C, nas décadas anteriores, aconteciam cerca de dez dias por ano na França. "Hoje, já estamos 30 ou 40 dias por ano acima de 35 °C", lembra Vautard. "Em meados do século 21, espera-se que as temperaturas de 40 °C sejam ultrapassadas quase todos os anos na França. Então, estamos caminhando para temperaturas muito altas, com secas cada vez mais acentuadas", adverte o pesquisador.
Para ele, as ondas de calor na França são o principal marcador das mudanças climáticas. "Nós vemos isso, sentimos isso todo verão agora desde 2004. Essas ondas de calor nos mostram o quão vulneráveis nossas sociedades são às mudanças climáticas. Podemos ver os problemas de seca que estão ocorrendo neste ano e o grau de urgência no combate a essa mudança climática, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa", analisa.
O perigo do degelo marinho
Vautard cita ainda outros sinais climáticos preocupantes em todo o mundo em 2020. "Vimos um novo fenômeno na Sibéria com temperaturas extremas. Também tivemos um episódio no Ártico em julho, com temperaturas atingindo mais de 20 °C. Isso está causando uma série de consequências, em particular o derretimento do gelo do mar, disse. "Este ano, vimos uma diminuição recorde no gelo do mar no Ártico. Estamos superando o recorde de 2012. E isso tem o efeito de acelerar ainda mais as mudanças climáticas, já que os blocos de gelo refletem a radiação solar e permitem que a Terra aqueça um pouco menos", conclui o especialista.
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