O advogado olha para uma cabana perto de um túmulo. Ela é feita de madeira e lama, e coberta com plástico. "Eu morava em um lugar assim", diz Mario Joseph em voz baixa, mais para si mesmo do que para as três mulheres agachadas atrás dele à sombra de uma árvore. As mulheres estão de vigília em torno de uma montanha retangular de terra recém-removida, cercado por pedras soltas. Uma delas, Itavia Souffrant, diz que é o túmulo de sua mãe. Há duas semanas, a mãe dela estava com diarreia, vomitando, mas por causa das chuvas fortes a família não conseguiu levá-la ao médico. A mãe morreu de cólera, o mesmo destino que levou a filha de três anos de Soufrrant e muitos outros nas vizinhanças de Mirebalais, ao norte da capital haitiana de Porto Príncipe. As três mulheres em volta do túmulo também têm cólera, mas sobreviveram. Elas sabiam que não deveriam beber água do rio, disseram, mas era a única água disponível. Os comprimidos para esterilizá-la são caros demais, e elas não têm carvão suficiente para ferver a água.