Meirelles gasta R$ 84 mil e é único presidenciável a financiar pesquisas

Do UOL, em Brasília

  • Bruno Rocha/Estadão Conteúdo - 28.jul.2018

    Henrique Meirelles dança em convenção do MDB em São Paulo

    Henrique Meirelles dança em convenção do MDB em São Paulo

O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, pagou do próprio bolso duas pesquisas eleitorais, realizadas na semana passada, concluídas na última quarta-feira (25). Os resultados, no entanto, não foram divulgados.

Dentre todos os presidenciáveis, ele é o único que, até o momento, usou recursos próprios para bancar os levantamentos. Meirelles gastou R$ 84 mil com as duas pesquisas, e ambas foram realizadas no estado de Goiás, seu estado natal. A empresa contratada foi a Vox Populi.

Nas últimas pesquisas divulgadas pelos institutos Datafolha e Ibope, no mês passado, o emedebista apareceu com 1% das intenções de voto em todos os cenários em que foi testado.

A possibilidade de colocar dinheiro em sua campanha é um trunfo de Meirelles dentro do MDB --onde enfrenta resistência capitaneada pelo senador Renan Calheiros (AL).

No início do mês, a executiva nacional do partido decidiu não destinar recursos públicos do chamado "fundão eleitoral" às campanhas do eventual candidato à Presidência da República e dos 14 postulantes a governador do partido nas eleições desse ano.

Na ocasião, o presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá (RR), disse que Meirelles "tem condições de bancar sua própria candidatura". O ex-ministro é multimilionário.

Na última vez que o presidenciável teve que declarar seu patrimônio, quando concorreu a deputado federal em 2002, o valor era de R$ 45 milhões. Nas décadas anteriores, ele atuou como executivo do setor financeiro, chegando a se tornar o presidente mundial do BankBoston.

Entre 2003 e 2010, ele foi presidente do Banco Central no governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva. A partir do ano seguinte, atuou como consultor de consultor de empresas, entre eles do grupo J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.

No ano passado, o site "BuzzFeed" revelou que Meirelles recebeu R$ 217 milhões em pagamentos no exterior por serviços prestados antes de assumir o Ministério da Fazenda do governo do presidente Michel Temer (MDB), em 2016.

O que testam as pesquisas?

Além da intenção de voto, as pesquisas testam o nível de conhecimento de Meirelles, apresentando o pré-candidato com o seguinte texto: "Henrique Meirelles tem 72 anos, nasceu em Goiás, é formado em engenharia e foi o primeiro brasileiro a exercer a presidência de um grande banco internacional -o Banco de Boston".

"Em 2002, o Presidente Lula chamou o Meirelles para presidir o Banco Central e ajudar o Brasil a sair da crise econômica. Depois, foi chamado pelo governo Temer para assumir o Ministério da Fazenda e controlar a crise econômica que estamos vivendo", completa o enunciado.

O desconhecimento sobre o presidenciável é apontado por ele e por sua equipe com o principal motivo para seu atual índice de intenção de voto e como motivo para demonstrar seu potencial de crescimento.

Os levantamentos avaliam ainda se os eleitores acham positivo ou negativo os fatos de Meirelles "ter trabalhado na iniciativa privada na maior parte de sua vida" e "ter sido ministro de Lula e Temer", e se acreditam que ele "poderia tirar o Brasil da crise porque entende muito de economia".

Convenção

Meirelles foi oficializado como pré-candidato do MDB no último dia 22 de maio, quando Temer confirmou que não disputaria as eleições de outubro deste ano. No início de abril, ele havia se filiado ao partido do presidente. Antes, o ex-ministro era do PSD. Para se tornar candidato, ele precisa ser aprovado em convenção, marcada para a próxima quinta-feira (2).

Apesar de ter o apoio de Temer e aliados como Jucá e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia), Meirelles não é unanimidade dentro do partido. Ele sofre forte resistência de caciques como Renan e os senadores Eunício Oliveira (CE), presidente da Casa, e Roberto Requião (PR), por conta de interesses eleitorais regionais.

Nos últimos meses, Meirelles tem minimizado os movimentos de oposição interna e dito que acredita ter ampla maioria para a convenção. O ex-ministro já disse, por exemplo, que terá uma "vitória substancial" no evento. Para garantir o resultado favorável, ele tem viajado pelo país para conversar com os representantes do MDB nos estados.

Para ter o nome aprovado, Meirelles precisará de pelo menos metade mais um dos votos válidos na convenção nacional. O número pode variar de acordo com o quórum presente na ocasião -- o mínimo são 223 presentes.

O colegiado é composto por 443 integrantes. Como alguns têm direito de votar mais de uma vez, por conta dos cargos que ocupam, a quantidade total de votos pode chegar a 629.

Cada estado tem ainda um peso específico na votação determinado pela bancada dele no Congresso Nacional, entre outras regras. Entre os mais influentes estão São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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