Rio: debate tem Paes x Garotinho, crítica à intervenção e Romário "sincero"

Gabriel Sabóia, Hanrrikson de Andrade e Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

O embate entre Anthony Garotinho (PRP) e Eduardo Paes (DEM), críticas à intervenção federal na segurança pública e o estilo "sincero" do estreante Romário (Podemos) marcaram o primeiro debate com os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, realizado nesta quinta-feira (16) pela Band.

O evento foi dividido em quatro blocos e, já no fim do primeiro, Garotinho e Paes roubaram a cena com uma intensa troca de acusações.

Após ser criticado por Garotinho, o democrata reagiu citando a prisão do adversário e da mulher dele, Rosinha, denunciados à Justiça por crime eleitoral. Na réplica, o concorrente do PRP mencionou caso que veio à tona durante as eleições de 2016 envolvendo o deputado federal Pedro Paulo (DEM), braço direito de Paes, acusado pela ex-mulher de agressão.

O debate foi em grande parte pautado pelo tema da segurança pública. Seis dos oito candidatos criticaram a intervenção federal. Apenas Paes e Romário defenderam a adoção da medida na gestão de Luiz Fernando Pezão (MDB), mas disseram que assumirão o controle da segurança se forem eleitos.

"A intervenção acaba em dezembro, mas não podemos perder o auxílio das forças federais dada a exiguidade de policiais no estado", afirmou Paes.

O democrata foi o único candidato que defendeu que os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica continuem exercendo funções de segurança nas ruas do estado com autorização do governo federal. Não deixou claro, porém, se pretende pedir a renovação do decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), ato que permite a atuação dos militares na segurança. É um instrumento diferente da intervenção, que está em vigor por meio de decreto do presidente da República.

Romário também disse que gostaria de contar com o apoio das Forças Armadas, mas descartou a continuidade da intervenção em seu governo. Ele disse que se reuniu duas vezes com o interventor Walter Souza Braga Netto e defendeu uma agenda alinhada com as ações que vêm sendo tomadas pelo militar, como reestruturar parte das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e focar esforços na redução dos crimes de roubo de carga, de veículos e assaltos nas ruas.

Os demais candidatos criticaram a ação federal. Márcia Tiburi (PT), por exemplo, disse que mudaria toda a política de segurança do estado. Wilson Witzel (PSC), por sua vez, disse que autorizará a Polícia Militar a "abater" qualquer suspeito portando um fuzil.

Romário teve o seu momento "sincero" ao dizer que "não é um especialista em economia" e que, por isso, já escolheu um nome para a titularidade da Secretaria de Estado de Fazenda: Guilherme Mercês, ex-economista-chefe da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). O candidato também protagonizou momento curioso ao responder a comentário de Márcia Tiburi, que havia dito pouco antes que não existiam postulantes negros ao governo do Rio.

Queria só fazer uma correção para a candidata professora Márcia Tiburi. Eu sou o negro aqui desse debate

Romário, candidato do Podemos

Durante o debate, foram feitas ao menos quatro menções a Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em março deste ano.

A candidata do PT citou a morte do parlamentar duas vezes, sendo uma ao dialogar sobre feminicídio e outra para lembrar que já se passaram mais de 150 dias sem que a Polícia Civil tenha concluído a investigação. Pedro Fernandes (PDT) se referiu ao assassinato no contexto da falta de respostas ao caso. No fim do evento, Tarcísio Motta (PSOL), companheiro de Marielle na Câmara Municipal do Rio, também mencionou o assassinato da amiga e colega de partido.

Márcia também chamou atenção ao se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República --preso após condenação em segunda instância na Lava Jato, ele é considerado potencialmente inelegível em razão da Lei da Ficha Limpa. A petista usou camiseta com a imagem de Lula, além de um pingente com o desenho do rosto do ex-presidente.

Debate tem troca de acusações entre Paes e Garotinho

Paes x Garotinho

Paes foi o principal alvo de Garotinho, que procurou associar o ex-prefeito ao grupo do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), além de dizer que o democrata deixou dívidas na prefeitura e de mencionar a prisão do ex-secretário de Obras Alexandre Pinto.

Apoiadores de Garotinho foram à porta do estúdio da Band em Botafogo, zona sul do Rio, com guardanapos na cabeça, uma alusão ao jantar em Paris, em 2009, que reuniu o Cabral, secretários de estado e empresários. O candidato do PRP disse que, a pedido da emissora, deixou de lado a estratégia anunciada nos últimos dias de comparecer ao debate com um guardanapo na cabeça.

Durante troca de farpas, Garotinho afirmou que o pai e a irmã do oponente possuem uma conta no exterior aberta em paraíso fiscal.

Quando eu tive coragem de ir ao Ministério Público Federal e protocolar a notícia-crime contra essa organização criminosa liderada pelo PMDB [hoje MDB] e seus aliados, eu sabia o que ia ocorrer. Mas eu disse e mostrei as fazendas do Picciani, as contas da família Eduardo Paes no Panamá, a roubalheira do Sérgio Cabral

Anthony Garotinho, candidato do PRP

Lideranças do MDB no estado, o deputado estadual Jorge Picciani e Cabral foram presos após investigações da Operação Lava Jato.

Paes, além de negar qualquer ilicitude, respondeu que o adversário é "tão irresponsável" que "levou até a mulher dele" para a cadeia.

Ele é tão irresponsável que até a mulher dele levou para a cadeia graças a uma das três, quatro vezes que ele esteve preso

Eduardo Paes, candidato do DEM

O democrata disse ainda que a conta no exterior foi declarada pelo pai, que, segundo o próprio candidato, é um "advogado muito bem-sucedido". Além disso, respondeu que o caso foi investigado pelas autoridades e que nada foi provado.

Os dois continuaram em confronto direto até que a direção do debate não concedeu mais direitos de resposta. No total, foram três solicitações, das quais duas foram aceitas (uma para Paes, outra para Garotinho).

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