Meirelles justifica omissão a Temer e exalta seus feitos nos anos Lula

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Walterson Rosa/Framephoto/Estadão Conteúdo

    Henrique Meirelles durante sabatina promovida pela CNA, em Brasília

    Henrique Meirelles durante sabatina promovida pela CNA, em Brasília

O candidato à Presidência da República pelo MDB, Henrique Meirelles, justificou nesta quarta-feira (29) a omissão ao nome do presidente Michel Temer, do mesmo partido, durante sua campanha eleitoral por ser "evidente" ter sido ministro da Fazenda durante seu governo.

Como Temer é presidente do país, Meirelles disse não acreditar ser necessário enfatizá-lo ao citar sua passagem pelo Ministério da Fazenda. Meirelles foi ministro da Fazenda de Temer entre maio de 2016 e abril de 2018, quando deixou o cargo para disputar a corrida ao Palácio do Planalto.

Em propagandas eleitorais na internet e em discursos, Meirelles tem evitado mencionar o nome de Temer, mas ressalta o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto à Presidência e durante cuja gestão foi presidente do Banco Central, entre 2003 e 2011.

"[A justificativa é] muito simples. O presidente Michel Temer é o presidente da República no momento. Isso é não desconhecido pela população. Se eu falo que fui ministro da Fazenda agora, é evidente. Se perguntar 'aliás, quem é o presidente da República agora?', todo mundo vai saber dizer. Não é preciso dizer isso. É evidente. Isso não é um mistério", justificou.

O candidato então falou que nem todos se recordam de que ele estava à frente do Banco Central na gestão do Lula, "quando o Brasil cresceu em média 4% ao ano, gerou mais de 10 milhões de empregos e mais de 40 milhões saíram da pobreza para a classe média".

"Aí muita gente não se lembra ou não tem conhecimento de que quem comandava a economia era eu", ressaltou. "Ah, era o senhor quem estava no Banco Central lá naquela época? [Era]. Ah bom. Então, eu vou votar no senhor."

Questionado sobre a alta impopularidade do presidente, Meirelles voltou a dizer ser defensor de seu próprio histórico. Ele disse que as propagandas eleitorais de presidenciáveis, que começam a ser veiculadas a partir deste sábado (1ª) em rede nacional de TV e rádio, será uma oportunidade importante para que ele se apresente, já que, segundo ele, a maior parte dos eleitores ainda não o conhece.

As declarações foram dadas durante sabatina em Brasília promovida pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Após o evento, em entrevista a jornalistas, quando perguntado sobre a nota que daria ao governo Temer e se acha que este fez uma boa gestão, respondeu preferir comentar apenas sobre a área econômica, que estava sob sua responsabilidade.

"Fizemos várias reformas fundamentais, tiramos o Brasil da maior recessão da história e o Brasil hoje está na rota do crescimento. Estava na queda livre. Nós resgatamos a economia do colapso e tenho muito orgulho da minha participação nesse trabalho", disse.

Presidente diz não se incomodar

Renegado, Temer afirmou nesta quarta-feira, 29, que "será inevitável" Meirelles levar para sua campanha o período em que foi seu ministro da Fazenda. Em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, Temer disse também que o fato de Meirelles escondê-lo na propaganda eleitoral e destacar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi presidente do Banco Central, inclusive com imagens do petista, não o incomoda.

Impopularidade de Temer

Michel Temer deve encerrar o mandato ao final de 2018 com um dos presidentes mais impopulares dos últimos 20 anos. Segundo a pesquisa MDA encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) divulgada em 20 de agosto, o governo Temer é ruim ou péssimo para 78,3% da população brasileira. O índice representa uma piora em relação ao último levantamento, de maio, quando a taxa foi de 71,2%.

Numericamente, o índice é o mais alto da série histórica iniciada em 1998, último ano do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Dentro da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, o índice empata com o registrado em setembro de 2017, quando atingiu 75,6%.

A taxa de avaliação positiva --daqueles que acham a gestão de Temer boa ou ótima-- também é numericamente a menor já registrada pela CNT/MDA: 2,7% Para 2,3% dos entrevistados, o governo é bom, e para 0,4%, ótimo. Outros 17,7% o consideram regular e 1,3% não souberam ou não responderam.

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