Intenção de voto em Bolsonaro sobe 10 pontos entre mais ricos após ataque

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Twitter/FlavioBolsonaro

    Bolsonaro subiu cinco pontos percentuais nas intenções de voto gerais após ataque

    Bolsonaro subiu cinco pontos percentuais nas intenções de voto gerais após ataque

Jair Bolsonaro (PSL) se mantém na liderança das pesquisas de intenção de voto desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de ser candidato do PT. Enquanto à frente da corrida eleitoral, seus eleitores mais fiéis ganham acima de cinco salários mínimos, ou seja, mais de R$ 4.770. No último mês, subiu em 10 pontos percentuais o número de ricos que pretendem votar em Bolsonaro.

Pesquisa Ibope de 20 de agosto deste ano apontava Lula, com 37% dos votos válidos, na liderança da corrida eleitoral. Bolsonaro, com 18%, estava em segundo. Naquela data, 30% dos brasileiros mais ricos ouvidos pelo instituto de pesquisa responderam que votariam no candidato do PSL. No dia 1º de setembro, no entanto, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) barrou a candidatura de Lula.

Desde então, o instituto de pesquisa passou a desenvolver a amostra com Fernando Haddad como o candidato petista. Em 5 de setembro, Bolsonaro assumiu a liderança das intenções de voto, com 22%. Ele mantinha os 30% de intenções de voto entre os que ganham mais de cinco salários mínimos por mês. Apesar de desempenho variável no segundo turno, Bolsonaro nunca saiu da liderança nas pesquisas.

Um dia depois de assumir a frente da corrida eleitoral, Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca, durante um ato de campanha, em Juiz de Fora (MG). Ele foi operado, no mesmo dia, na Santa Casa da cidade, e, no dia seguinte, transferido ao hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo. Ele recebeu alta neste sábado (29).

Gilson Borba/Futura Press/Estadão Conteúdo
Senador Magno Malta (PR-ES), aliado de Jair Bolsonaro

A candidatura, que tinha 8 segundos na televisão, depois do ataque, teve mais destaque em programas jornalísticos. Fato que foi comemorado pelo senador correligionário Magno Malta (PR-ES), que afirmou que o atentado "transformou um limão em uma limonada". Se antes do ataque Bolsonaro tinha 22%, no fim do mês, a intenção subiu para 27%: cinco pontos percentuais.

Mas quem puxou a alta foram os brasileiros que ganham mais. Se antes do ataque, 30% dos mais ricos anunciaram pretender votar em Bolsonaro, agora, são 40%: ganho de dez pontos percentuais. Com isso, a expectativa da campanha, agora, é tentar diminuir a rejeição entre o eleitorado feminino.

Anti-PT e descrença em informações da imprensa

A reportagem do UOL entrevistou cinco eleitores de Bolsonaro que ganham mensalmente mais de cinco salários mínimos. São três homens e duas mulheres. Desses, quatro são de estados diferentes: São Paulo, Rondônia, Paraíba, Pará. Um outro eleitor votará em Bolsonaro a partir de Londres. Houve, também, quem tenha dito que não daria entrevista devido à falta de credibilidade da imprensa e dos institutos de pesquisa.

Entre os principais argumentos dos melhor remunerados que votarão em Bolsonaro, estão a falta de credibilidade nos políticos, a crítica ao PT e à imprensa, a rigidez na questão da segurança e a valorização dos valores cristãos.

Arquivo pessoal
Paulo Artur Sette dos Santos, 31 anos

"Meu motivo principal é que os outros candidatos já fizeram parte do PT no passado. O PT, no meu ponto de vista, é o partido que levou o Brasil à situação que está hoje, com decréscimo na economia, roubalheira, corrupção em massa. Em tese, seria um voto de protesto", disse Paulo Artur Sette dos Santos, 31, técnico judiciário do Tribunal de Justiça de Rondônia.

Para ele, Bolsonaro é o candidato "mais apropriado". "Até onde eu sei, ele nunca respondeu por corrupção. A gente não conhece ao certo, mas o PT a gente já sabe o que fez. A principal esperança é que, com ele, pode voltar o crescimento do Brasil, com empregos e valorização direcionados à segurança", afirmou.

Rayssa da Silva, 38, advoga para uma empresa estatal da Paraíba a qual ela pediu para não divulgar o nome. Apesar disso, diz ser a favor da privatização de empresas. "Ele já falou que não pretende privatizar a minha, então, fiquei tranquila", afirmou. Para ela, "é importante desburocratizar e diminuir impostos. Tem que incentivar a iniciativa privada".

"Votei no PT nas últimas quatro eleições. Bolsonaro apresenta-se como uma pessoa que não aderiu ao sistema de corrupção. Outro ponto é a questão moral. Ele é cristão e prega os valores, a família, a criança, me identifico muito", afirmou. Ela pediu para sua foto não ser divulgada porque "a esquerda, num geral, é muito violenta".

Arquivo pessoal
Maria Cabral da Silveira, 57 anos

Impunidade também é o gancho para a funcionária pública Maria Cabral da Silveira, 57, de São Paulo. "Acabaram com o país. Criam lei em cima de lei para beneficiar só eles mesmos. Votar em Bolsonaro não é nem questão de esperança, mas é para quebrar a perna do Geraldo Alckmin, do Ciro Gomes, que é machista", afirmou. Ela diz que, "segundo consta, ele agrediu a Patrícia Pillar".

Informada que a atriz fez um vídeo negando as agressões, a funcionária pública disse que a imprensa acreditou em Patrícia, mas não acreditou na ex-mulher de Bolsonaro, que negou ter sido ameaçada de morte pelo presidenciável. "Vocês mentem demais. Só publicam porcariada. Vocês brincam com a gente. Falam que ele é isso, aquilo. O Bolsonaro é pior do que menina moça", disse.

"Eu vivi na ditadura. Para atravessarmos a balsa entre São Paulo e Iguapé, precisávamos ser revistados. Nunca sofremos nada. Você prefere ser revistado por um militar ou abordado por um bandido?", questionou.

Arquivo pessoal
Thiago Bertolini, 36 anos

O piloto de helicóptero Thiago Bertolini, 36, do Pará, diz que "independente de qualquer situação econômica ou qualquer classe social, o que está em jogo é recuperar valores nacionais". "A população não quer o Bolsonaro como salvador da pátria, mas está fugindo da bandidolatria", disse.

"O brasileiro não conhece os brasileiros que foram relevantes na nossa história. Estamos num tempo de imbecilização do ser humano. Não precisa ser um doutor, um letrado, para entender que a gente está no fundo do poço. Espero austeridade total. Que tenha um governo pautado com tecnocracia. Não pode colocar um semianalfabeto para ser ministro", complementou o piloto.

Arquivo pessoal
Felipe Cunha, 26 anos

Já o assistente de finanças Felipe Cunha, 26, vive na Irlanda nos últimos três anos e já comprou as passagens para Londres, de onde vai conseguir votar em Bolsonaro. "[Vou votar] Por ele ser o único candidato de direita de fato. O Brasil, por muitos anos, não teve outra opção se não escolher entre duas faces da mesma moeda. E, depois de muitos anos dando chance para a esquerda, é a vez de deixar a economia andar para outro lado", argumentou.

"O único candidato que mostra real interesse pela nação e garante o direito à vida de cada cidadão desde a concepção e, também, o direito de se defender da violência que assola o nosso país. Eu espero que seja um governo que, mesmo tendo a necessidade de tomar medidas impopulares, consiga trazer uma valorização para a nossa moeda e para o trabalhado", defendeu.

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