Ratinho Junior é eleito governador do Paraná no primeiro turno

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • RODOLFO BUHRER/ESTADÃO CONTEÚDO

O deputado estadual Ratinho Junior (PSD), 37, foi eleito neste domingo (7) o novo governador do Paraná. Na eleição, sua coligação contou com a presença de nove partidos: PSD, PSC, PV, PR, PRB, PHS, PPS, Podemos e Avante.

A vitória em primeiro turno confirma tendência que vinha se configurando nas últimas pesquisas de intenção de voto e no levantamento de boca de urna do Ibope e impede a reeleição da atual governadora, Cida Borghetti (PP), que assumiu a cadeira em abril deste ano em substituição a Beto Richa (PSDB) e tentava levar a disputa até o segundo turno.

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Filho do apresentador de televisão Carlos Massa, o Ratinho, Ratinho Jr adotou o nome "Carlos Massa Ratinho Jr" ao longo da campanha. O novo governador vem de quatro mandatos consecutivos, dois como deputado estadual (2003 a 2006 e 2015 a 2018) e dois como deputado federal (2007 a 2013). Em 2014, foi o deputado estadual mais votado do Paraná.

Ratinho Jr foi secretário de Desenvolvimento Urbano da gestão Richa (2013-2014 e 2014-2017) e tinha como principal atribuição a liberação de recursos do governo estadual para as prefeituras. Em entrevista publicada no dia 30 de setembro no UOL, ele afirmou que se preparou para ser governador por 16 anos e que "construiu um projeto político" para isso.

Neste domingo, em sua primeira declaração como governador eleito do Paraná, Ratinho Jr afirmou que a demonstração das urnas foi "uma mudança de conceito". Ele deu entrevista na sede do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná).

Meu compromisso é fazer com que o Paraná seja o estado mais moderno do Brasil
Ratinho Junior (PSD), governador eleito do Paraná

Durante a campanha, Ratinho Jr somou pouco mais de R$ 8 milhões em receitas, sendo 39% (R$ 3,15 milhões) deste total proveniente do próprio partido pelo fundo público de campanha. Outros 30% vieram de doações do próprio candidato e de seu pai, o apresentador Ratinho (R$ 2,4 milhões no total). Os números são do dia 5 de outubro, da prestação de contas divulgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Já as despesas do candidato passaram de R$ 6,8 milhões, sendo o maior gasto, R$ 2,8 milhões (42%), com produção de programas de televisão, rádio e vídeo.

Saída de Osmar Dias e prisão de Beto Richa

Antes do período oficial de campanha, a previsão era de que a eleição paranaense seria dividida entre três grandes forças: Ratinho Jr, Cida Borghetti e o ex-senador Osmar Dias (PDT). No entanto, o candidato do PDT não conseguiu concretizar as alianças pretendidas e ainda viu seu irmão, o presidenciável Alvaro Dias (Podemos), apoiar oficialmente Ratinho Jr, o que o levou a desistir da campanha.

O vácuo deixado por Osmar Dias, candidato que se apresentaria como oposição à gestão Richa, foi preenchido pelo deputado federal João Arruda (MDB), sobrinho do senador Roberto Requião (MDB). No entanto, Arruda não foi capaz de aglutinar a oposição em uma campanha de maior repercussão.

Um fator surpresa que poderia ter abalado a campanha de Ratinho foi a prisão preventiva de Beto Richa no dia 11 de setembro, na operação Rádio Patrulha, comanda pelo Ministério Público do Paraná. A essa altura, porém, o candidato do PDT já havia conseguido se descolar da imagem do governador, de quem fora secretário por quase quatro anos.

Ratinho ainda foi beneficiado pelo fato de que a prisão de Richa também abalou seus rivais. Ex-apoiadora do tucano, Cida chegou a pedir a exclusão dele, que era candidato ao Senado, de sua chapa. E João Arruda teve seu sogro, o empresário Joel Malucelli, também preso na Rádio Patrulha, suspeito de ser um dos empresários beneficiados pelo esquema.

Promessas e desafios

Entre as principais promessas de campanha de Ratinho Jr, estão bandeiras que visam desinchar e desburocratizar o estado, entre elas a redução do número de secretarias estaduais e a participação da iniciativa privada, por meio das Parcerias Público Privadas (PPPs). Ele promete ainda criar a Cidade da Polícia, um centro integrado de inteligência entre diversos órgãos de Segurança Pública; e Agências de Desenvolvimento Econômico e Social em cada região, visando balizar os investimentos estaduais.

Outra medida sugerida pelo novo governador é uma relação mais próxima e transparente com os servidores, fugindo do clima bélico da gestão Richa. Os funcionários públicos do estado esperam reposições salariais acima da inflação para os próximos anos.

Já o principal desafio será a falta de recursos, uma vez que o Paraná não conta com dinheiro em caixa. Para 2019, a diferença entre a previsão de entrada e de saída de recursos é pequena, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Há previsão de R$ 55,4 bilhões de arrecadação e de R$ 54,3 bilhões em despesas.

Arte/UOL
Professor Oriovisto e Flávio Arns se elegeram

Senado tem surpresas, e Richa e Requião ficam fora

Na disputa pelo Senado, o resultado foi surpreendente levando-se em conta as pesquisas recentes do Ibope. Roberto Requião, que liderou todos os levantamentos desde o início da campanha, ficou fora e não se reelegeu. As vagas ficaram com Flávio Arns (Rede) e Professor Oriovisto Guimarães (Podemos).

A derrota de Requião foi prevista apenas na pesquisa boca de urna, contratada pelo Ibope e divulgada pouco depois das 17h deste domingo. O perfil combativo do senador vinha sendo bem-visto pelos eleitores, mas não foi suficiente para dar-lhe um novo mandato.

Apesar de ser do MDB, Requião é um dos principais apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e esteve diversas vezes na carceragem da PF (Polícia Federal) em Curitiba, onde o petista está preso, para acompanhar políticos e líderes que foram visitar Lula na cadeia.

Enquanto Requião deixa o Senado, Oriovisto terá seu primeiro mandato político. Apesar da idade – 73 anos –, ele é considerado um outsider, sendo empresário e um dos fundadores do grupo Positivo. Durante a eleição, ele teve apoio de Ratinho Junior e do presidenciável Alvaro Dias (Podemos).

Em seu primeiro discurso como senador mais votado do Paraná, Oriovisto afirmou que sua eleição representa a busca do Brasil por "mais solução e decisão" e disse ter duas preocupações em sua atuação em Brasília: representar bem o estado e lutar pelas reformas política, tributária e da Previdência. Segundo Guimarães, sua atuação específica será prioritária na busca por leis mais duras contra a corrupção. "Precisamos de leis mais duras, prestigiar mais a Lava Jato e continuar em uma luta feroz contra corruptos e corruptores", declarou, em entrevista coletiva no TRE-PR.

Flávio Arns, que foi senador entre 2003 e 2011, volta ao Congresso após oito anos. Ele conseguiu se eleger apesar de ter a imagem atrelada à do ex-governador Beto Richa, de quem foi vice-governador (2011-2015) e secretário de Educação (2011-2014) e para Assuntos Estratégicos (2015-2017).

Aniele Nascimento - 3.nov.2016/Gazeta do Povo/Folhapress
Ex-governador Beto Richa não conseguiu vaga para o Senado
Richa, por sua vez, teve confirmado seu ocaso. No início da campanha, o ex-governador aparecia em segundo lugar nas pesquisas. No entanto, a prisão temporária decretada em 11 de setembro por supostas fraudes no programa "Patrulha do Campo" e os quatro dias detido, além das críticas constantes de adversários e das denúncias sucessivas que chegaram a torná-lo réu na Justiça, afetaram diretamente sua campanha.

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