Rodrigo Maia é eleito pela 6ª vez à Câmara dos Deputados

Diogo Max

Colaboração para o UOL, em São Paulo

  • Fátima Meira/Folhapress

    6.jun.2018 - Rodrigo Maia (DEM-RJ) em evento em Brasília

    6.jun.2018 - Rodrigo Maia (DEM-RJ) em evento em Brasília

O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), elegeu-se pela sexta vez deputado federal neste domingo (7). Ele conquistou uma das 46 vagas destinadas ao Rio de Janeiro na Câmara, deixando para trás mais de mil candidatos.

Aos 48 anos, Maia flertou com a possibilidade de ser um dos postulantes à Presidência da República, mas desistiu da empreitada e declarou apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), assim como outros partidos do centrão.

Antes de iniciar a campanha, o filho de Cesar Maia participou do processo que permitiu que o Rio aderisse ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal). Rodrigo Maia foi às lágrimas quando assinou o documento, em cerimônia antecipada para que ele, substituindo Michel Temer (MDB), em viagem oficial à China, pudesse fazê-lo de próprio punho.

No meio do caminho, Maia se viu metido em uma polêmica com o guru econômico de Jair Bolsonaro (PSL). Em uma reunião privada, o economista Paulo Guedes disse ter conversado com o presidente da Câmara para que os partidos ganhassem "superpoderes", em um eventual governo do candidato do PSL.

Segundo o jornal "O Globo", a ideia era que os partidos se sobressaíssem aos parlamentares. Durante a votação de um projeto de lei, por exemplo, se a maioria dos integrantes de uma legenda votasse pela aprovação, os votos contrários passariam a ser computados como favoráveis. A suposta proposta pegou mal, e o candidato do DEM negou ter havido a conversa com o guru econômico. "Não posso falar sobre o que não conheço. Pela imprensa, parece uma ideia ruim", afirmou. Guedes não se posicionou sobre o assunto.

A volta de Eduardo Paes ao DEM

Nesta eleição, Rodrigo Maia ainda selou a paz e apoiou um antigo "ingrato": Eduardo Paes (DEM), que começou a carreira política com seu pai. 

Paes virou um desafeto da família Maia, quando decidiu concorrer à prefeitura carioca nas eleições de 2008. Ele foi para o MDB, ganhando apoio de Sérgio Cabral, hoje condenado a mais de 180 anos de prisão. Paes venceu a corrida eleitoral naquele ano e, em 2012, tentou a reeleição contra Rodrigo Maia, que foi derrotado nas urnas.

Uma década depois, com a alta cúpula do MDB fluminense envolvida na Lava Jato, o DEM passou a ser visto como uma solução para políticos, já que não fazia parte do rol de legendas principais alvos da operação.

Foi justamente a vontade de se afastar da imagem dos principais aliados nos últimos anos que fez com que Paes deixasse o MDB e voltasse para o DEM. Maia costurou a aliança para que o candidato a governador do Rio retornasse ao partido de origem.

Há pouco inexpressivo na política fluminense, o DEM foi o partido que mais cresceu nos últimos quatro anos na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). A sigla não elegeu nenhum deputado estadual em 2014, mas vai fechar a legislatura com seis parlamentares na bancada. Eles se filiaram ao partido de Maia durante os seus mandatos e agora tentam a reeleição pela nova legenda.

Sucessor de Eduardo Cunha

Maia chegou ao posto máximo da Câmara dos Deputados após a saída de Eduardo Cunha (MDB), deputado cassado e preso em 2016 por recebimento de propina. Ele assumiu um mandato-tampão e, seis meses depois, manteve-se no cargo --ele era o preferido do presidente Michel Temer para comandar a Casa.

Nascido no Chile, onde o pai vivia no exílio durante a ditadura militar, Maia entrou para política aos 26 anos, tendo sido nomeado, em 1998, secretário da gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde, um dos aliados do pai.

O presidente da Câmara é casado com Patrícia Vasconcelos, enteada do ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB). 

Antes de chefiar a Câmara, o principal cargo de Maia foi o de presidente do DEM. Ele comandou a sigla em meio à sua pior fase, em 2007, quando o partido sofreu com o encolhimento de parlamentares no Congresso. Maia liderou o projeto que mudou o nome do partido (antes se chamava PFL), quando a sigla por muitos anos era comandada por caciques como Jorge Bornhausen (SC) e Antonio Carlos Magalhães (BA). Mesmo após a mudança de nome, o DEM ainda lutava para não virar nanico.

Com patrimônio declarado de R$ 730 mil, Maia recebeu para campanha deste ano R$ 1,1 milhão --a maior parte dos recursos (65%) foi doada pelo empresário Carlos Jereissati, dono dos shoppings Iguatemi e de uma fatia relevante na Oi. Josué Gomes e José Salim  Mattar Júnior, proprietários da Coteminas e da Localiza, respectivamente, contribuíram ambos com 17% do valor total da campanha.

A maior despesa do deputado federal durante as eleições foi com marketing digital (31%). Maia também usou 27% do dinheiro arrecado para sua campanha para fazer uma doação para Fábio Silva, postulante a uma vaga na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

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