TSE diz que acusações de fraude devem ser enfrentadas com 'tranquilidade'

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    Apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) fazem protesto em frente ao TSE, em Brasília (DF). Eles afirmam que houve fraude na eleição e pedem o voto impresso

    Apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) fazem protesto em frente ao TSE, em Brasília (DF). Eles afirmam que houve fraude na eleição e pedem o voto impresso

A ministra Rosa Weber, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou na noite deste domingo (7), após divulgação do resultado das eleições presidenciais, que eventuais acusações de fraudes nas urnas eletrônicas devem ser enfrentadas com "tranquilidade". 

Segundo Rosa Weber, o TSE atuará nesses casos apenas se houver representação formal à Justiça. 

A ministra fez as afirmações ao ser indagada por jornalistas sobre as declarações do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), que afirmou não ter sido eleito em primeiro turno por causa do sistema eletrônico de votação. 

Rosa Weber afirmou que declarações desse tipo trazem "preocupação", mas devem ser tratadas com "tranquilidade".

"Preocupação sempre nós temos, mas nós temos que enfrentar nossas preocupações com tranquilidade. Num estado democrático de direito, o bom é isso, que as pessoas possam se expressar", disse. "As pessoas têm direito a ter suas opiniões", afirmou a ministra. 

Segundo Rosa Weber, a Justiça Eleitoral irá atuar sobre eventuais suspeitas levantadas contra a segurança nas urnas somente se houver uma representação formal ao TSE. 

"Quando o TSE vai atuar? Ele vai atuar, em primeiro lugar, a partir de impugnações formais, porque uma compreensão pessoal de qualquer um de nós, colocando em dúvida as nossas eleições, essas ficam no âmbito da compreensão pessoal de cada um", disse. 

Bolsonaro passou ao segundo turno com 46,16% dos votos válidos. Em ato de campanha após a divulgação do resultado, o presidenciável afirmou que, se não fosse o atual sistema de votação por urnas eletrônicas, teria sido eleito no primeiro turno.

"Não podemos nos recolher. Vamos juntos ao TSE exigir soluções para isso que aconteceu. Foi muita coisa. Tenho certeza, se esse problema não tivesse ocorrido, se tivesse confiança no sistema eletrônico, já teríamos o nome do novo presidente. O que está em jogo é a nossa liberdade", disse o candidato do PSL. 

Apoiadores do candidato protestaram contra o resultado do lado de fora do TSE, em Brasília, enquanto acontecia a entrevista com Rosa Weber, e também na avenida Paulista, em São Paulo. Urnas de papelão foram queimadas e houve gritos de "fraude" e "TSE comunista".

Durante o dia de votação, Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), candidato ao Senado e um dos filhos do presidenciável, divulgou em suas redes sociais vídeo de uma suposta urna em que, ao ser digitado o número "1", a urna completaria automaticamente com o "3", para formar o número do candidato do PT, Fernando Haddad. 

A Justiça Eleitoral afirmou que o vídeo é falso e que não há registro de urna com esse problema. 


Fake news e voto com arma

O ministro da Segurança, Raul Jungmann, afirmou que esse e outros casos de vídeos que colocaram em questão a segurança das urnas estão sendo apurados pela Polícia Federal.

Segundo ele, outros dois casos que estão sendo apurados são de eleitores que postaram fotos digitando os números na urna com o auxílio de uma arma e o de um mesário do Distrito Federal que teria afirmado que a urna de sua seção eleitoral já veio preenchida.

O ministro afirmou que os responsáveis por notícias falsas, as chamadas fake news, que buscaram colocar em xeque a segurança das eleições serão investigados. 

"Aqueles que tentaram descaracterizar, desmoralizar ou tentar induzir a possibilidade de fraude do sistema foram investigados, ou estão sendo investigados, serão denunciados e serão punidos", disse.

"E nós não encontramos, pelo menos até o presente momento, nenhum indicador de que esses fake news que viralizaram tenham qualquer base fática ou real", afirmou Jungmann.

No caso do candidato Flávio Bolsonaro, que divulgou o vídeo em suas redes sociais, Jungmann afirmou que não é crime fazer uma denúncia sobre suposta irregularidade. Flávio Bolsonaro chegou a pedir formalmente ao TSE que investigasse o episódio e teria agradecido à ministra Rosa Weber o desfecho do caso.

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