Reforços de peso, alianças e rival "fujão": as armas de Haddad no 2º turno

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Ricardo Matsukawa/UOL

    Fernando Haddad (PT) comemora ida para o segundo o turno das eleições

    Fernando Haddad (PT) comemora ida para o segundo o turno das eleições

Depois de aguardar, com tensão, o resultado da eleição presidencial neste domingo (7) e ter a confirmação da ida ao segundo turno, a campanha de Fernando Haddad (PT) a presidente já possui caminhos a seguir na tentativa de derrotar seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL)

Entre eles, está a vinda de um reforço que também chegou a ser tido como "plano B" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sendo, posteriormente, substituído por Haddad.

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Estratégias para combater a força demonstrada por Bolsonaro no primeiro turno também estão na mira, entre elas, criticar a ausência do adversário em debates entre presidenciáveis.

Já um dos maiores desafios que Haddad terá que enfrentar é o fato de não ter palanques em locais onde o PT perdeu as eleições no primeiro turno.

Alianças

O PT espera receber apoios considerados como naturais, de PDT, PSOL e PSB, partidos que, inclusive, participaram de reuniões, desde o início do ano, para definir temas em comum para seus programas de governo.

Ciro Saboya/Divulgação
Ciro Gomes (PDT) durante ato de campanha em Uberlândia, no Triângulo Mineiro

O desafio, agora, é reestreitar os laços com o PDT, abalados em função das manobras promovidas por Lula para isolar a candidatura de Ciro Gomes, que passou a ser crítico contumaz dos petistas desde que perdeu uma possível aliança com o PSB. O candidato, em seu discurso pós-derrota, já sinalizou que não irá ficará do lado de Bolsonaro ao mencionar a expressão "ele não", mas ainda não declarou apoio a Haddad.

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O petista, aliás, foi quem ligou para Ciro após o segundo turno ficar definido. Haddad fez o mesmo com Guilherme Boulos (PSOL). A única que ligou para o petista foi Marina Silva (Rede).

O apoio do PSB já está quase concretizado. Nesta terça-feira, em Brasília, o partido fará uma reunião em que deverá formalizar o apoio ao PT. Os dois partidos já estavam unidos desde que os petistas abriram mão de sua candidatura ao governo de Pernambuco em prol da de Paulo Câmara (PSB), que foi reeleito neste domingo.

O PT não se opõe a um apoio de nomes do PSDB, mas espera uma sinalização do partido que, nas últimas eleições presidenciais, foi seu grande rival. Em agosto, o próprio Haddad chegou a sinalizar a um público de empresários que petistas e tucanos têm "episódios muito interessantes" em São Paulo, lembrando as eleições de 1998 e 2000, quando se uniram contra Paulo Maluf, derrotando-o em ambas as ocasiões.

Reprodução/Twitter/Fernando Haddad
Rui Costa, Fernando Haddad e Jaques Wagner fazem campanha em Feira de Santana (BA)

Reforço da Bahia

O ex-ministro e senador eleito da Bahia Jaques Wagner deverá ser uma nova peça importante na equipe de campanha de Haddad. Ele virá a São Paulo nesta segunda para participar de reuniões da coordenação. Wagner deverá ficar responsável justamente pelas alianças e apoios nesta nova etapa.

A Bahia é um dos estados em que o PT mostrou mais força nesta eleição. Além de Wagner, conseguiu reeleger Rui Costa como governador, com mais de 75% dos votos. 

Costa deverá ter papel importante na campanha de Haddad, repetindo papel que já exerceu no último sábado em Feira de Santana (BA). Na ocasião, ele apresentou o presidenciável e o defendeu de ataques, ressaltando o lado família do candidato. Haddad estava perdendo terreno na Bahia e usou a popularidade do governador no estado para tentar reverter o quadro às vésperas do primeiro turno.

Também devem reforçar a campanha de Haddad outros governadores do Nordeste que tiveram bom resultado neste domingo, como os reeleitos Câmara, em Pernambuco, Camilo Santana (PT), no Ceará, Wellington Dias (PT), no Piauí, e Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão.

HADDAD QUER QUE BOLSONARO ASSINE ACORDO CONTRA "FAKE NEWS"

Mauro Pimentel/AFP
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro

Ações anti-Bolsonaro

O oponente na disputa ao segundo turno deverá ser alvo de críticas por parte da campanha de Haddad em ao menos dois pontos: a ausência em debates e declarações polêmicas contra a democracia. 

Os petistas avaliam colar em Bolsonaro a pecha de "fujão", dizendo que ele evita o debate "olho no olho". O candidato do PSL tem se ausentado de encontros entre presidenciáveis há pouco mais de um mês em função do atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG). Antes do ataque, porém, já havia admitido que não iria a todos os encontros entre candidatos.

Ainda não se sabe, por exemplo, se ele irá participar do primeiro debate do segundo turno, marcado para a TV Bandeirantes, que deverá acontecer na quinta (11) ou na sexta (12), dependendo do acerto com as campanhas.

A campanha de Haddad tentará representar Bolsonaro como uma ameaça à democracia por conta de suas declarações polêmicas sobre mulheres, negros, LGBTs e outros grupos. Ela também reforçará a tese de que a equipe de Bolsonaro quer suprimir direitos trabalhistas, focando na fala do vice de Bolsonaro sobre o 13º salário.

A associação de Bolsonaro à disseminação de notícias falsas também deve continuar sendo explorada como exemplo de que o rival oferece risco à democracia.

Desafio: falta de palanques estratégicos

O PT sofreu derrotas duras em dois colégios eleitorais relevantes: Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em nenhum dos dois estados, o partido ou aliados estarão no segundo turno para os governos. O PT não conseguiu eleger dois nomes e apostas importantes para a bancada no Senado: Dilma Rousseff e Lindbergh Farias.

Os dois estados também foram estratégicos durante as três semanas de campanha de Haddad. O problema, agora, é que o petista não terá mais os palanques de Fernando Pimentel e Márcia Tiburi, candidatos derrotados em Minas e no Rio, e de seus postulantes ao Senado.

Além disso, contará com opositores na disputa de segundo turno, que podem apresentar discursos contra o PT durante o novo período de campanha.

O partido ainda estuda qual será a melhor estratégia pensando na disputa nacional. A legenda avalia se será mais eficaz se aliar a eventuais rivais de candidaturas pró-Bolsonaro --mesmo que de outros campos políticos-- ou conduzir a campanha de Haddad isoladamente.

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